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Dados do Ministério da Justiça confirmam descontrole da violência na Bahia

Pasta reforça números contestados por Rui Costa. Estado vai encerrar o ano na liderança de casos de homicídios dolosos e de letalidade policial

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 dez 2023, 15h29 - Publicado em 28 dez 2023, 14h38
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  • O estado da Bahia vai encerrar o ano ocupando o topo do ranking de três importantes indicadores de violência no país. Em meio ao avanço das facções criminosas e diante de uma tentativa desastrada de contenção dos bandidos, a região lidera os índices de homicídio doloso, morte por ação policial e lesão corporal seguida de morte no país.

    Os dados são de janeiro a outubro deste ano e constam em plataforma divulgada nesta quarta-feira, 27, pelo Ministério da Justiça. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que o trabalho neste ano foi pautado “nos eixos da integração, inteligência e investimento” (leia a íntegra abaixo).

    Ao todo, já foram contabilizados 3.895 homicídios dolosos, uma média de 13 por dia. A título de comparação, a Bahia supera estados como o Rio de Janeiro (2.950 casos), Pernambuco (2.753 casos) e Ceará (2.346). Apesar de alarmante, a liderança do estado não representa uma novidade. No ano passado, a Bahia também registrou o maior índice de homicídios dolosos do país, fechando 2022 com quase 5 mil registros (praticamente a mesma média atual).

    Conforme mostrou VEJA, a onda de violência gerou um clima de terror na Bahia neste ano, com escolas e universidades tendo de suspender as aulas devido aos constantes tiroteios entre bandidos, estabelecimentos comerciais obrigados a fechar as portas e comunidades sitiadas. Os conflitos são provocados principalmente por facções criminosas, entre elas o PCC e o Comando Vermelho, que disputam nacos do território.

    Para piorar, a reação à onda de violência vem acompanhada de uma ação extrema das forças de segurança locais. A Bahia também lidera os índices de letalidade policial. Foram 1.410 casos registrados até outubro deste ano – quase o dobro do Rio de Janeiro, o segundo colocado no ranking, com 770 registros. No ano passado, o índice baiano também foi o maior do país, com 1.468 mortes provocadas por policias.

    A Bahia ainda está à frente nos índices de lesão corporal seguida de morte, com 70 casos, referente a 14% dos registros de todo o país.

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    Dados reforçam números atacados por ministro

    O descontrole na segurança da Bahia já havia sido revelado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que em julho divulgou dados relativos a 2022 que apontavam para o alto índice de letalidade policial e de violência no estado.

    À época, no entanto, os números foram contestados pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que governou a Bahia entre 2015 e 2022. O homem forte do governo Lula disse que não reconhecia os dados usados pelo fórum e chegou a escapar de perguntas relacionadas ao tema: “Fui”, disse após ser questionado sobre o assunto, em reação que foi alvo de críticas.

    O fórum contestado por Costa, porém, é usado como referência inclusive pelo Ministério da Justiça, conforme Flávio Dino ponderou à época.

    A Bahia é governada há 16 anos pelo PT. Antes de Rui Costa, o atual líder do governo no Senado, Jaques Wagner, chefiava o estado, que hoje é comandado por Jerônimo Rodrigues.

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    Como funciona o levantamento do Ministério da Justiça?

    A recém-lançada plataforma do Ministério da Justiça, chamada Sinesp, ampliou de nove para 28 os indicadores criminais avaliados, e tem como base dados enviados pelas secretarias de segurança dos estados, que passam pela consolidação e validação do governo federal.

    O sistema unifica os dados relativos à segurança pública e será atualizado mensalmente.

    O que diz o governo da Bahia

    A Secretaria de Segurança Pública encaminhou a seguinte nota:

    A Secretaria da Segurança Pública destaca que o trabalho ao longo do ano de 2023 foi pautado nos eixos da integração, inteligência e investimento. Ressalta também que as mortes violentas, de janeiro a dezembro, apresentaram redução de 6% e os latrocínios recuaram 22%.

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    Enfatiza ainda a implantação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), com operações permanentes das Polícias Militar, Civil e Federal, que resultaram na captura de 15 mil pessoas envolvidas em práticas criminosas, na apreensão recorde de 54 fuzis (a maior da história), na retirada das ruas de 11 toneladas de drogas, na erradicação de 1 milhão de pés de maconha, no desmonte de 19 laboratórios de produção de cocaína e na apreensão de cinco mil armas de fogo.

    A SSP lembra ainda que contratou em 2023 cerca de dois mil policiais militares e bombeiros, reforçando as ações preventivas em todo o estado. Salienta também que, até o final de 2024, serão 4.500 novos policiais militares, civis e técnicos, além de bombeiros contratados. 

    Por fim, a SSP enfatiza que são constantes os investimentos em capacitação das forças de segurança e em tecnologia para a preservação das vidas, principal objetivo das forças policiais e de bombeiros da Bahia.

     

     

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