‘Da minha parte está definido’, diz Bolsonaro sobre filho em embaixada
Ele ressaltou que 'tem um caminho grande pela frente' e revelou ter conversado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre a indicação
O presidente Jair Bolsonaro disse na tarde desta terça-feira, 15 que, da parte dele, ‘está definido’ que seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP, será nomeado embaixador do Brasil nos EUA. A possibilidade vem gerando reações negativas até mesmo dentro da base aliada e entre os bolsonaristas nas redes sociais.
“Da minha parte está definido. Conversei com ele (Eduardo) novamente acho que anteontem (domingo). Há interesse, sim. A gente fica preocupado, até entendo a responsabilidade. Acho que, se tiverem argumentos contrários, que não seja isso chulo que se fala por aí, então, pronto”, afirmou.
Antes, o presidente já havia defendido por duas vezes ao longo do dia a nomeação do filho para um dos mais importantes cargos da diplomacia brasileira. De manhã, ao chegar à cerimônia de hasteamento da bandeira nacional no Palácio da Alvorada, ele elogiou o filho: “Fala inglês, fala espanhol, tem uma vivência internacional muito grande”, elencou. Em seguida, brincou ao citar uma declaração do próprio Eduardo na sexta-feira, ao destacar sua experiência nos Estados Unidos. “E frita hambúrguer também, tá legal?”
Depois, em outro evento, reafirmou a intenção de indicar o filho ao cargo, apesar de destacar que há ainda um grande caminho pela frente. “Ou vocês queriam que eu indicasse o meu filho para a Venezuela, Cuba, Coreia do Norte?”, questionou o presidente.
De acordo com ele, faltam algumas questões técnicas para que a indicação seja formalizada. “Tem um caminho grande pela frente. Há um termo técnico com os Estados Unidos para ver se eles têm algo contra, tem que falar com o Parlamento”, afirmou.
Senado
O presidente disse também que não haverá desgaste com o Senado e contou que já conversou sobre o tema com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Se Eduardo Bolsonaro for indicado, os senadores terão que aprovar a sua ida para o comando da representação diplomática.
Segundo Bolsonaro, Alcolumbre lhe disse que ainda não conversou com os parlamentares. “O Senado vai sabatiná-lo e vai decidir. Ponto final. Se aprovado, vai. Se não for aprovado, ele fica na Câmara. (…) Lógico que se corre um risco”, disse o presidente. Bolsonaro ressaltou ainda que o deputado tem experiência com palestras realizadas em outros países, nas quais teria tido que falar em outros idiomas, e com a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. “É uma pessoa que está muito qualificada, o que é importante”, disse.
Bolsonaro repetiu que, se o filho de outro presidente fosse embaixador no Brasil, teria um tratamento diferenciado, recebendo mais atenção dele próprio. “Se eu fosse um mau-caráter, indicaria ele para um ministério desses que vocês sabem que tem dezenas de milhões de orçamento. A intenção não é essa, é nos aproximarmos do país que tem a economia mais próspera do mundo para que possamos juntos andar de mãos dadas”, disse.
Para Bolsonaro, seu filho perderá muito mais ao deixar o cargo de deputado federal para virar embaixador. “Mas toda a população vai ganhar”, ponderou.
Nepotismo
O presidente voltou a dizer que a indicação não configura nepotismo e disse que há uma súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) neste sentido. “Graças a Deus, como capitão do Exército, tive como lhe dar uma boa educação e a prova está aí. Tentar desqualificá-lo por fritar hambúrguer… eu frito hambúrguer melhor que ele, talvez por isso que eu seja presidente”, disse. Bolsonaro afirmou ainda que o filho foi “fritar hambúrguer” nos Estados Unidos para praticar o inglês.
(Com Estadão Conteúdo)