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Cúpula do DEM já não sabe se Onyx vai continuar no cargo de ministro

Bolsonaro esvaziou o poder de articulação política do chefe da Casa Civil e ainda se queixa de sua proximidade com Maia e Alcolumbre

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 28 jun 2019, 16h35 - Publicado em 28 jun 2019, 15h12

A proximidade do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), incomoda o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo após esvaziar o poder de Onyx, que perdeu o comando da articulação política com o Congresso, Bolsonaro ainda se queixa, nos bastidores, de que o ministro está fazendo o “jogo” do Legislativo, dando a impressão de que o governo cedeu ao toma lá, dá cá. Agora, nem mesmo a cúpula do DEM arrisca dizer se Onyx sobreviverá no cargo.

Em conversas reservadas, o presidente tem dito que não se pode ceder a tudo o que deputados e senadores querem para o governo não virar refém da “velha política”. No sábado 22, Bolsonaro chegou a afirmar que o Congresso tem cada vez mais “superpoderes” e quer deixá-lo como “rainha da Inglaterra”, que reina, mas não governa.

Quem conversou com Onyx, nos últimos dias, encontrou um ministro abatido. A interlocutores, o titular da Casa Civil disse, porém, que o seu foco é “única e exclusivamente” a votação da reforma da Previdência. Questionado pela reportagem se está por um fio no governo, ele respondeu: “Claro que não. Isso é uma baita bobagem”.

No fim de semana, Onyx esteve na fazenda do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Amigos dos dois disseram que o ministro foi se aconselhar com Caiado e saber se deveria pedir demissão. O governador negou, porém, ter sugerido a Onyx que se antecipasse a uma possível decisão do presidente.

“Nunca teve essa conversa. Especulações foram feitas, mas eu disse a ele que não desse ouvido a falações de quem não tem nenhuma história ao lado do presidente”, afirmou Caiado. “Ele foi o único político que, um ano e meio antes da campanha, rompeu com a Executiva do nosso partido e foi apoiar Bolsonaro. Sair por quê?”

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Bolsonaro não gostou do fato de Onyx ter sido fiador de um acordo pelo qual cada parlamentar deverá receber 40 milhões de reais até 2020 em emendas e recursos extraorçamentários. Pelo acerto, o governo promete liberar 10 milhões de reais para quem votar a favor da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara e outros 10 milhões de reais após a aprovação da proposta no plenário.

Se tudo correr conforme o script combinado, os deputados receberão, ainda, mais 20 milhões de reais para obras nos seus redutos eleitorais em 2020, ano de disputas municipais. A oferta apresentada por Onyx também beneficia deputados novatos, que não teriam direito a emendas.

Bolsonaro transferiu a articulação política da Casa Civil para a Secretaria de Governo há apenas nove dias, mas as mudanças no núcleo duro da equipe ainda não terminaram. A tarefa de negociação do Palácio do Planalto com o Congresso caberá, agora, ao general Luiz Eduardo Ramos, que assumirá a Secretaria de Governo em julho, no lugar de Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido recentemente.

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A Casa Civil também perdeu a Secretaria de Assuntos Jurídicos, que faz a análise de decretos e projetos de lei. Embora Onyx tenha ficado com o comando do Programa de Parcerias de Investimentos, na prática o PPI é tocado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

Há rumores de que o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), aliado de Bolsonaro, pode assumir a cadeira de Onyx. Outro nome lembrado é o do secretário especial da Previdência, Rogério Marinho (PSDB), mas o presidente não quer mexer com ele antes da votação final das mudanças na aposentadoria, prevista para o segundo semestre.

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