CPMI da JBS encerra reunião sem votar requerimentos de convocação
Pedidos miram executivos da empresa que firmaram delação premiada. Discussão foi encerrada com polêmica por escolha de relator
Sem votar nem sequer um dos 95 requerimentos na pauta, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS encerrou nesta terça-feira a sua segunda reunião, em meio à polêmica sobre a escolha do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como relator. Na lista de requerimentos estavam a convocação dos delatores da JBS e de convite ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Dois senadores – Ricardo Ferraço (PSBD-ES) e Otto Alencar (PSD-BA)- deixaram o colegiado após o nome de Marun ser anunciado para a relatoria. O deputado peemedebista é um dos principais integrantes da tropa de choque de Michel Temer no Congresso e seu nome enfrenta resistência. Parlamentares afirmam que a intenção do Planalto ao colocá-lo na função é usar a CPMI para atacar os delatores da JBS e Janot, que deixará o cargo no próximo dia 18. Temer é o principal alvo da delação da empresa.
Uma reunião do presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), com o presidente no fim de semana também foi usada como argumento por parlamentares para qualificarem a comissão de “chapa branca”.
Após negar por diversas vezes que não havia tratado do assunto com Temer, Ataídes admitiu que, embora não tenha falado sobre a CPMI com o presidente, falou com o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. “Era uma agenda que eu tinha com o ministro Imbassahy, no sábado à tarde. Na ocasião, após sair da reunião, ele me acompanhou até o carro e me perguntou como estava o andamento da CPI”, disse Ataídes, que negou tratativas sobre a indicação do relator.
Na reunião de hoje, o tom da maioria dos integrantes da comissão foi de críticas à delação premiada. “A atividade política está comprometida. Não se pode jogar todos na vala comum. Têm 1.800 nomes na delação. É preciso fazer a separação”, disse Izalci Lucas (PSDB-BA), autor de requerimentos para convocar os irmãos Joesley e Wesley Batista, o diretor da JBS Ricardo Saud e o ex-procurador Marcello Miller, entre outros. Os requerimentos, segundo Ataídes Oliveira, devem ser votados apenas na próxima reunião, prevista para a terça-feira que vem.
(Estadão Conteúdo)