CPMI aposta em trinca de investigações para fechar o cerco a Bolsonaro
Foco da comissão de inquérito deve ficar centralizado em Mauro Cid, Anderson Torres e Silvinei Vasques
Depois de contribuir de forma decisiva com a hecatombe política que paira sobre Jair Bolsonaro ao receber informações de que o ex-presidente faturou mais de 17 milhões de reais em Pix somente este ano e de que seu entorno buscou fazer orçamentos para a venda de joias atribuídas ao Estado brasileiro, a CPMI do 8 de Janeiro pretende apostar em três frentes distintas de investigação para tentar enfim enredar o ex-mandatário em acusações como peculato, lavagem de dinheiro e ordem para interferências indevidas nas eleições de 2022.
Serão foco da reta final da CPI três personagens específicos: o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que no sábado 8 teve seu acordo de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em cuja residência foi encontrado o rascunho de um documento que sugeria um golpe de Estado; e o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, preso e investigado por supostamente aparelhar a corporação para dificultar, com operações em rodovias, que eleitores da região Nordeste votassem no segundo turno da disputa presidencial.
A ideia da CPMI é escrutinar dados confidenciais do ex-ministro da Justiça, cujo sigilo telemático já chegou às mãos dos parlamentares e, em um cenário hipotético, poderia mostrar o trajeto da minuta do golpe que ele armazenava em casa. No caso de Cid, a meta é aprofundar as apurações sobre a atuação de aliados de Bolsonaro na venda e recompra clandestina de joias ofertadas por chefes de Estado estrangeiros ao Brasil e buscar em dados da quebra de sigilo bancário do militar, já em poder da CPMI, elementos que possam fechar o cerco contra o ex-mandatário.
No acervo referente a Silvinei Vasques, a hipótese de trabalho da comissão de inquérito é que empresas específicas possam ter sido usadas em uma triangulação para remunerar o ex-policial, que fechou contratos controversos para a compra de veículos da PRF e é próximo de um personagem que participou da invasão do Capitólio americano em janeiro de 2021.