Coronel Blanco nega à CPI ter havido pedido de propina em jantar
Ex-assessor do Ministério da Saúde contou ter sugerido a Dominguetti o encontro com Roberto Dias em um restaurante de Brasília

O tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa foi ouvido nesta quarta-feira, 4, pela CPI da Pandemia. Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, exonerado em janeiro, o militar participou de jantar em restaurante em Brasília onde teria sido feita a proposta de pagamento de propina na comercialização de doses da vacina AstraZeneca.
Blanco foi citado em depoimentos anteriores à CPI, como o do policial militar Luiz Paulo Dominguetti. Suposto representante da Davati Medical Supply, o PM afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Dias em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o governo Bolsonaro.
O pedido de propina, de acordo com o vendedor, foi feito no dia 25 de fevereiro deste ano, em jantar no restaurante Vasto, em um shopping em Brasília, onde esteve presente o coronel Blanco, que o teria apresentado a Dias.
Blanco deixou o governo em janeiro e depois passou a atuar como interlocutor de Dominguetti junto ao ministério. Outro representante da Davati, Cristiano Carvalho, afirmou em depoimento à CPI que o PM relatou ter ouvido o pedido de um “comissionamento” para o “grupo” de Blanco, que antes era uma espécie de braço direito de Dias na Diretoria de Logística.
Cristiano, inclusive, apresentou à comissão áudios de WhatsApp que evidenciam a atuação do militar em favor de Dominguetti na negociação com o ministério. A oitiva desta quarta tende a encerrar o capítulo da Davati na CPI.
O depoimento
Protegido por um habeas corpus, que deu a ele o direito de silenciar em perguntas que podem incriminá-lo, o coronel Blanco afirmou à CPI que apenas negociou vacinas com Dominguetti para o “setor privado” e que o contato se deu em fevereiro, um mês depois de sua saída do Ministério da Saúde. O relator Renan Calheiros rebateu que a negociação de imunizantes para particulares “era uma atividade absolutamente irregular”.
Blanco também deu detalhes do jantar no restaurante Vasto, em Brasília, com Dominguetti e Roberto Dias. Segundo o coronel, ele soube pelo próprio Dias que o então diretor de Logística estaria no local naquela noite. O militar da reserva sugeriu então a Dominguetti que fosse até lá para solicitar uma agenda com o Ministério da Saúde sobre a oferta de vacinas. Ao contrário do relato de Dominguetti, porém, Blanco nega em sua versão que tenha havido pedido de propina por parte de Dias no encontro. O depoente afirmou que “não sabe” por que o policial “inventou essa história”.
O coronel acrescentou ainda que tinha uma “relação amistosa” com Dias na pasta, mas frisou que não possuía proximidade com o então ministro, Eduardo Pazuello. “Tinha dias que eu sequer via o general Pazuello. Eu não participava de reuniões de cunho estratégico”, disse. “Meu cargo era consultivo.”
Blanco também negou qualquer “acordo de remuneração” para aproximar a Davati do Ministério da Saúde e disse que apenas orientou os representantes da empresa sobre os ritos processuais da pasta.
(Com Agência Senado)
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