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Contra a violência política

“Acabei de votar. Votei nele pra acabar com você, veado do cacete”

Por Maria Laura Canineu
Atualizado em 12 out 2018, 07h00 - Publicado em 12 out 2018, 07h00

A declaração aí de cima chocou profundamente um querido amigo, cujo nome prefiro não revelar. Ele retornava de seu local de votação, em São Paulo, no domingo passado, com seu companheiro, carregando uma bandeira ar­co-íris, quando um estranho despejou seu preconceito contra ele. “Não respondi. Eu tive medo”, meu amigo me disse. Ele tinha acabado de voltar de uma conferência sobre diversidade e inclusão nos Estados Unidos.

Na última semana, um vídeo gravado em uma estação de metrô em São Paulo mostrou um grupo de torcedores gritando: “Ô bicharada, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar veado”.

As eleições são um exercício de democracia — é um momento especial em que nós, cidadãos, podemos refletir sobre o país e, pacificamente, escolher o futuro que desejamos. Mas, neste ano, a campanha tem sido marcada por ameaças e graves episódios de violência.

De acordo com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, de janeiro a domingo passado, quando ocorreu o primeiro turno de votação, 137 jornalistas foram ameaçados ou agredidos enquanto cobriam as eleições.

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No domingo, um homem esfaqueou até a morte Romualdo Rosário da Costa, um mestre de capoeira de 63 anos, em um bar em Salvador. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que o suposto assassino, que mais tarde foi detido, é partidário do candidato à Presidência Jair Bolsonaro e que teria ficado irritado quando Romualdo revelou que havia votado em seu oponente Fernando Haddad.

E, claro, o próprio Bolsonaro foi vítima de um violento ataque durante um ato de campanha em Minas Gerais que quase lhe tirou a vida no mês passado. Adélio Bispo de Oliveira disse que esfaqueou Bolsonaro porque não gostava dele e teria seguido “ordens de Deus”. A Polícia Federal acredita que ele agiu sozinho.

Todos os presidenciáveis condenaram a tentativa de homicídio que Bolsonaro sofreu. O ataque ocorreu apenas cinco dias depois de o candidato ter dito: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre, hein?”, durante um comício no respectivo estado.

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Bolsonaro tem um histórico de defender práticas violentas e ilegais. Ele declarou que a ditadura militar (1964-1985) errou ao torturar pessoas quando deveria tê-las matado; referiu-se em diversas oportunidades a um dos piores torturadores da ditadura como “herói” e disse que a polícia deveria ter carta branca para matar suspeitos.

Os candidatos não podem ser responsabilizados por tudo o que seus apoiadores fazem. No entanto, no mínimo, eles têm a obrigação de garantir que seus discursos não incitem a violência. E, quando ameaças e atos de violência ocorrem, devem condená-los de maneira categórica.

Dado o ambiente altamente polarizado no Brasil, nas semanas que antecedem o segundo turno de eleição, há um sério risco de contínua intimidação, ameaças e agressões. Nesse contexto, tanto Bolsonaro quanto Haddad devem rejeitar e condenar qualquer tipo de violência.

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Publicado em VEJA de 17 de outubro de 2018, edição nº 2604

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