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Conheça a preparação da urna eletrônica e o caminho do voto

Software é desenvolvido pela equipe de tecnologia do TSE e é submetido a uma série de testes públicos de segurança e auditorias

Por Leonardo Lellis Atualizado em 14 set 2018, 08h49 - Publicado em 14 set 2018, 08h00

Prestes a ser usada em sua sexta eleição presidencial — a primeira vez foi há vinte anos — a urna eletrônica começa a ser preparada bem antes de os partidos definirem seus candidatos. O objetivo, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, é garantir a máxima segurança e sigilo do processo de votação.

O desenvolvimento de um software que inclui testes públicos e auditorias externas, abertas inclusive aos partidos políticos, não foi capaz de debelar um rosário de teorias da conspiração que culminou com a aprovação de uma lei que prevê a volta do voto impresso nas próximas disputas — apesar das suspeitas recorrentes, nunca nenhuma fraude foi comprovada.

A impressão do voto só não começou a ser usada no pleito de 2018 porque o Supremo Tribunal Federal entendeu que a medida coloca em risco o sigilo do voto e concedeu uma liminar contra a sua adoção. Além de não servir para o que pretende, a novidade é cara: o TSE estimou em 1,8 bilhão de reais o custo para implementar a medida integralmente.

A ideia do voto impresso é permitir a conferência do resultado apurado. Só que as escolhas dos eleitores já são gravadas na urna em três dispositivos diferentes: dois módulos de memória ligados ao circuito interno e uma espécie de pendrive que permanece lacrado durante o dia da votação e só é removido para a apuração.

Além de auditorias no sistema que faz a urna funcionar, sua tecnologia permite a recontagem de votos por meio de um registro digital de voto e sua comparação com o boletim de urna, impresso logo após a votação. Acompanhe abaixo todas as etapas de programação do software pelo setor de tecnologia do TSE e os caminhos do voto até a divulgação do resultado.

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Nova programação
A preparação do software da urna eletrônica dura cerca de um ano e meio. Logo após o término de um pleito, a equipe de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral começa as mudanças pensando no próximo. O objetivo é atualizar o programa para atender novas demandas por segurança e instruções normativas do próprio tribunal.

Teste anti-hacker
Entre novembro e dezembro do ano anterior à eleição, o TSE convoca um teste público de segurança. Especialistas são chamados a participar do desenvolvimento do software e colocar os mecanismos de segurança à prova para identificar eventuais vulnerabilidades. Em maio, as correções são confirmadas em uma nova rodada de avaliações.

Auditoria externa
Seis meses antes das eleições, partidos políticos, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil podem inspecionar todo o código-fonte do programa. Estes órgãos podem apresentar sugestões e conferir se o software funciona para aquilo que foi desenvolvido: registrar e contar votos corretamente.

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Software fechado
Até um mês antes do pleito é feita a lacração do sistema. Esta etapa, também pública, serve para garantir que o software que será compilado para ser instalado nas urnas é exatamente o mesmo cujo desenvolvimento foi acompanhado e avaliado pelas entidades. Neste momento também são geradas as assinaturas digitais dos órgãos envolvidos.

Instalação nas urnas
Vinte dias antes do pleito, as urnas começam a ser preparadas para o dia da votação com a  instalação do software e as informações dos candidatos. São inseridos os cartões de memória que receberão uma cópia dos votos que serão apurados. Como os aparelhos não são ligados a nenhuma rede externa, o programa é instalado individualmente.

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Votos em backup
O dia de votação começa com a impressão da zerésima, que comprova que a urna não tem nenhum voto. A emissão deste documento é acompanhada por fiscais dos partidos. Durante todo o dia, os votos são computados em duas memórias internas — uma delas pode ser removida caso seja preciso substituir a urna.

Gravação dos dados
Após o fim da votação é gerado o boletim de urna, com todos os votos da seção, e os dados são gravados em cartões de memória chamados de “mídia de resultado”. Estes dispositivos são removidos e lacrados em um envelope, junto com duas cópias do boletim, que segue para a apuração.

Envio dos votos
As mídias de resultado são encaminhadas para um centro de transmissão, que pode ser o próprio cartório eleitoral, o local de votação ou a sede do TRE. Em locais de difícil acesso, a transmissão é feita por satélite. O envio dos dados é todo feito em rede privada, exclusiva da Justiça Eleitoral.

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Checagem dupla
Nos TREs, os dados são checados para garantir que eles vieram da mesma urna onde a mídia de resultado estava inserida. Os sistemas também verificam se os dados foram gerados pelo mesmo software que passou pelos testes de segurança e auditoria, que conta com assinatura digital.

Apuração dos resultados
Uma vez verificados e descriptografados, os votos podem finalmente ser totalizados e divulgados. Os TREs são responsáveis por apurar os votos para deputados, senadores e governadores. Os dados da eleição presidencial são enviados para totalização no Tribunal Superior Eleitoral.


Além do teclado de votação

(André Fuentes/VEJA)

1. Mídia de resultado: é removida e enviada, em um envelope lacrado, para a apuração da Justiça Eleitoral

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2. Memória externa: também guarda os votos já computados e serve para abastecer uma nova urna em caso de substituição

3. Impressora térmica: imprime a “zerésima” e os boletins de urna, com a quantidade votos por candidatos e partidos

4. LEDs indicadores: mostram o estado de abastecimento de energia

5. Bot��o liga/desliga

6. Bateria externa: entra em funcionamento em caso de falta de energia e se a bateria interna parar de funcionar


A urna por dentro

(Divulgação/TSE)
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