Maior partido na Câmara dos Deputados, o PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, vai dominar os principais postos da frente de oposição ao governo Lula. A liderança da oposição deve ser exercida pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ), enquanto a liderança da minoria ficará com Eduardo Bolsonaro (PL-SP). As funções dão legitimidade para que os parlamentares orientem os posicionamentos que devem ser adotados pelos adversários do governo, passando de votações no plenário a ações estratégicas em frentes dentro e fora do Legislativo.
Deputados que não apoiam o presidente Lula, mas também não seguem os métodos mais radicais do grupo, preveem que a escolha da dupla pode gerar divergências internas dentro da própria oposição. Além do PL, parte dos parlamentares do Novo, do PP e do Republicanos devem adotar a posição adversária ao governo.
“Não teremos um ‘ser pensante’ na oposição, esse é um problema. Porque você fica aqui se desgastando e não consegue nem votar com o líder da oposição porque ele propõe algumas coisas que não dá para acompanhar. Esse risco da institucionalização de uma divergência interna dentro da oposição é muito grande”, disse uma importante liderança que apoiou o governo Bolsonaro.
Ainda na avaliação desse parlamentar, com Arthur Lira novamente à frente da Câmara, seria possível fazer um “jogo inteligente” e juntar muitos parlamentares. “Mas teria de ser uma liderança que tivesse meio de articulação. Mas quiseram colocar um ‘maluco beleza’ desses, e aí a gente não consegue acompanhar”, acrescenta.
Apesar da expectativa de uma oposição barulhenta e ferrenha a qualquer ação do governo Lula, nem todos os aliados de Bolsonaro defendem uma atuação “raivosa”. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles avalia que a oposição precisa tentar ajudar o governo federal a acertar. “Porque, se der errado, se as coisas acontecerem de uma forma muito ruim, as consequências para o país vão ser muito grandes. Agora, o governo federal precisa se ajudar, precisa propor boas políticas”, disse Salles a VEJA.
“O que eu pretendo fazer: eu sou um cara muito do diálogo, não vou fazer oposição irracional, raivosa. Mas nós temos que fiscalizar, defender posições, cobrar. E naquilo que vier bom, apoiar – se vier coisa boa. Segundo, o que der para aprimorar, ajudar a aprimorar. Agora, o que não vier bom e não der para aprimorar, vai ter que derrubar, não vai ter jeito”, acrescentou ele, que é aliado de primeira hora de Jordy e Eduardo Bolsonaro.