Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Com audiência pífia e custo alto, a EBC será um desafio para Fábio Faria

Sonho de “BBC brasileira” nos anos petistas, estatal consome 500 milhões de reais por ano, emprega apadrinhados e mal consegue 1 ponto no Ibope

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h13 - Publicado em 19 jun 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O ministro das Comunicações, Fábio Faria, tomou posse na quarta 17, com um belo e apropriado discurso de conciliação. No cargo, no entanto, o deputado federal do PSD potiguar terá de aliar sua capacidade de articulação política, que o aproximou dos governos Lula, Dilma e Temer, à habilidade de descascar abacaxis. Um deles atende pelo nome de Empresa Brasil de Comunicação, conglomerado de comunicação pública que reúne sete rádios, agências de notícias e uma emissora de TV que vive às voltas com o traço na audiência. Em maio, nenhum dos cinco programas mais vistos no Rio e em São Paulo conseguiu romper a barreira de 1 ponto na medição do Kantar Ibope Media.

    ASSINE VEJA

    Acharam o Queiroz. E perto demais
    Acharam o Queiroz. E perto demais Leia nesta edição: como a prisão do ex-policial pode afetar o destino do governo Bolsonaro e, na cobertura sobre Covid-19, a estabilização do número de mortes no Brasil ()
    Clique e Assine

    É muito pouco, pouquíssimo, para uma estatal que já consumiu mais de 5 bilhões de reais desde que foi criada, no final de 2007, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a fusão da Radiobrás e da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto. A ideia era fazer a “BBC brasileira”, tendo como modelo a estatal britânica, conhecida pela qualidade de sua programação e independência editorial. O negócio jamais chegou perto disso. Nos anos petistas, jornalistas simpáticos à causa ganhavam por lá programas e salários exorbitantes. Em campanha, Jair Bolsonaro falava em fechar a emissora. “A ‘TV Traço’ não serve para nada”, disse ele, em certa ocasião. Não cumpriu a promessa e, segundo informou a coluna Radar, de VEJA, confiou a Fábio Faria a duríssima missão de aumentar o ibope da EBC, algo difícil de atingir mesmo se o ministro conseguisse levar para lá o seu sogro, Silvio Santos (Faria é casado com Patricia Abravanel, uma das seis filhas do dono e apresentador do SBT).

    17/06/2020 Solenidade de Posse dos Ministros de Estado das Comun
    DESAFIO - Faria, na posse: pedido do presidente para aumentar a audiência (Marcos Corrêa/PR)

    Com quase 2 000 funcionários, a EBC é a típica estatal estrangulada pela folha de pagamento e custos de manutenção. Dos 483 milhões de reais do orçamento deste ano, 345 milhões estão destinados a gastos com pessoal e benefícios e 102 milhões ao custeio da máquina. Em maio, ela foi incluída em estudos do Programa de Parcerias e Investimentos, mas, com a atual estrutura, a audiência ínfima e o quadro inchado de funcionários, há no governo quem duvide da viabilidade de uma privatização. O presidente, segundo interlocutores, ordenou que, por ora, a empresa tenha o tamanho reduzido. “Não há que se falar em privatização se a gente não lapidá-­la. A EBC é um canhão de comunicação que, se bem trabalhada, pode ser uma pérola. No momento não está sendo”, diz um assessor do presidente. “O governo poderia passar muita coisa boa e passa desenho animado o dia inteiro, quem é que teria interesse em comprar? Não vale nada”, completa a mesma fonte.

    Continua após a publicidade

    Enquanto analisa como se livrar do abacaxi, o governo preenche o quadro de diretores da EBC usando o mesmo critério de outros cargos do alto escalão. A preferência é pela turma da farda. Dos seis diretores, três são militares, incluindo o presidente, general Luiz Carlos Pereira Gomes, e o diretor-geral, coronel Roni Baksys. A diretora de jornalismo é casada com um capitão do Exército. Três coronéis ocupam cargos de chefia. No Conselho de Administração estão dois militares. Aliados do governo, como o ex-secretário especial de Comunicação Floriano Amorim e a youtuber bolsonarista Karol Eller, são comissionados na estatal.

    arte-EBC

    A pretexto de reduzir custos, Bolsonaro fundiu a NBR, emissora que cobria o governo, com a TV Brasil, o que gerou críticas por misturar comunicação oficial com comunicação pública. “Essa fusão é uma incompreensão de fundamentos elementares da área”, diz o jornalista Eugênio Bucci, que presidiu a Radiobras de 2003 a 2007 e é autor do livro O Estado de Narciso: a Comunicação Pública a Serviço da Vaidade Particular. A ingerência política na linha editorial, que também houve em outras gestões, continua. Jornalistas relatam censura a palavras como “ditadura militar” e “golpe”. Mais recentemente, um repórter foi removido da cobertura da pandemia de coronavírus depois de fazer uma pergunta incômoda em uma entrevista coletiva. A missão de Fábio Faria, como se vê, não será só fugir do traço.

    Continua após a publicidade

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

     

    Publicado em VEJA de 24 de junho de 2020, edição nº 2692

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.