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Chico Buarque: Bolsonaro não assinar diploma é ‘um segundo Prêmio Camões’

Músico e escritor rebate declaração do presidente que disse ter até dezembro de 2026 para assinar premiação concedida pelos governos de Brasil e Portugal

Por Da Redação Atualizado em 9 out 2019, 16h21 - Publicado em 9 out 2019, 14h21
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  • O cantor, compositor e escritor Chico Buarque rebateu nesta quarta-feira, 9, por meio de um post em seu perfil no Instagram, a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que tem até dezembro de 2026 para assinar o diploma do Prêmio Camões, concedido pelos governos de Brasil e Portugal.

    “A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prêmio Camões”, afirmou Chico. A premiação é a mais importante condecoração literária em língua portuguesa. Ele foi escolhido vencedor pelo conjunto de sua obra.

    Chico Buarque
    Post feito pelo músico Chico Buarque no Instagram no qual rebate declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre assinar o Prêmio Camões (Reprodução/Reprodução)

    Pelas regras da premiação, os governos brasileiro e português pagam cada um 100 mil euros (o que equivalente a cerca de  450 mil reais). A parcela do Brasil já foi paga em junho. A questão pendente é Bolsonaro assinar o diploma para um artista que considera desafeto político, que critica abertamente o seu governo e apoia ostensivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – em setembro deste ano, ele visitou o petista na prisão em Curitiba e pediu a sua libertação.

    “É segredo. Chico Buarque?”, disse o presidente, ao ser questionado por jornalistas na chegada ao Palácio da Alvorada. “Eu tenho prazo? Até 31 de dezembro de 2026, eu assino”, respondeu, fazendo alusão a um segundo mandato, já que o seu atual termina em dezembro de 2022.

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    O Prêmio Camões foi instituído em 1989 por Brasil e Portugal. De acordo com o Ministério da Cultura de Portugal, a escolha reconhece anualmente “escritor cuja obra contribua para a projeção e o reconhecimento da língua portuguesa”.

    Obra

    Chico Buarque, 74 anos, estreou como escritor de ficção em 1974, com a novela Fazenda Modelo. Em 1979, publicou o livro infantil Chapeuzinho Amarelo. O primeiro romance, Estorvo, foi lançado em 1991. Quatro anos depois lançou o segundo, Benjamin. Em 2003, publica Budapeste; em 2009, Leite Derramado e em 2014, O Irmão Alemão. Ele escreveu as peças de teatro Roda Viva (1968); Calabar (1972); Gota D’Água (1974), e Ópera do Malandro (1978).

    O autor é o 13º brasileiro a receber o prêmio que já foi conferido, entre outros, a Raduan Nassar (2016), Ferreira Gullar (2010), Lygia Fagundes Telles (2005), e Jorge Amado (1994). A premiação foi anunciada em maio pela Biblioteca Nacional pelas redes sociais.

    O júri foi formado por Manuel Frias Martins, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e presidente da Associação Portuguesa de Críticos Literários; Clara Rowland, professora associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Antonio Cícero, ensaísta brasileiro e poeta; Antonio Hohlfeldt, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Ana Paula Tavares, poeta angolana e professora universitária em Lisboa; e Nataniel Ngomane, professor da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique.

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