Chefe da PF pode deixar cargo após ação contra ex-estagiária do STF
Delegado Hugo de Barros Correia não teria avisado direção-geral da corporação sobre operação contra Tatiana Marques de Oliveira Garcia Bressan
O superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal, delegado Hugo de Barros Correia, pode ser exonerado do cargo nos próximos dias. VEJA apurou que o motivo para a possível saída dele do cargo é porque Correia não teria avisado à direção-geral da PF sobre a operação realizada na última quinta-feira, 7, contra Tatiana Marques de Oliveira Garcia Bressan. Ela é suspeita de ter atuado como informante do blogueiro bolsonarista Allan do Santos quando estagiava no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo fontes da própria PF, a ação que mirou Tatiana foi a gota d’água para que a crise na Superintendência iniciasse. A cúpula da corporação já estava insatisfeita com o delegado desde maio deste ano. À época, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de uma operação junto com o então presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, que investigava a exportação ilegal de madeira. Neste caso, Correia também não teria informado aos seus superiores sobre a operação.
O depoimento de Tatiana na sede da PF, em Brasília, durou cerca de duas horas. A ex-estagiária negou que fosse informante de Allan dos Santos e disse que o conhecia apenas por meio das redes sociais e encontros casuais. O blogueiro é investigado no inquérito que apura ameaças a ministros do STF e a disseminação de fake news. A PF cumpriu ainda um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, em um dos endereços de Tatiana.