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Caso Marielle: porteiro mentiu sobre ida de suspeito à casa de Bolsonaro

Procuradora confirmou que o funcionário que envolveu o nome do presidente no assassinato da vereadora não falou a verdade à Polícia Civil

Por Leandro Resende e Bruna Motta, do Rio de Janeiro
Atualizado em 30 out 2019, 17h48 - Publicado em 30 out 2019, 16h15
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  • A procuradora do Ministério Público Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), confirmou que o porteiro que envolveu o nome do presidente Jair Bolsonaro na morte da vereadora Marielle Franco mentiu em depoimento à Polícia Civil. De acordo com Simone, quem autorizou a entrada de Élcio de Queiroz no condomínio do presidente é Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos. Élcio e Ronnie foram presos em março deste ano. “Pode ter sido um equívoco, pode ter sido por vários motivos que o porteiro mencionou a casa 58 (de Jair Bolsonaro). E eles serão apurados”, declarou a promotora.

    Mais cedo, um investigador relatou a suspeita da mentira a VEJA. Foram prestados dois depoimentos. No primeiro, o porteiro disse que ligou para a casa de Bolsonaro. No segundo, confrontado com o áudio de sua conversa, manteve a versão, mas deixou dúvidas nas investigações em relação à veracidade das informações prestadas.

    “As gravações comprovam que Ronnie Lessa é quem autoriza a entrada do Élcio. E, em depoimento, eles omitiram diversas vezes que estiveram juntos no dia do crime. O porteiro mentiu, e isso está provado por prova técnica”, afirmou Simone Sibilio.

    Reportagem da TV Globo exibida nesta terça-feira, 29, citou o nome de Bolsonaro na investigação do caso Marielle Franco. De acordo com a matéria, a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio, onde têm casa o presidente e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado da morte da vereadora do PSOL. Conforme as informações divulgadas pelo JN, no dia 14 de março de 2018, horas antes do crime, o ex-PM Élcio de Queiroz, outro suspeito, teria anunciado ao porteiro do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo até a casa de Lessa.

    Bolsonaro estava em Brasília no dia 14 de março de 2018 e registrou presença em duas sessões na Câmara, onde exercia o mandato de deputado federal, versão também mostrada pela reportagem.

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    O MP do Rio informou que Élcio interfonou para Ronnie Lessa às 17h07 do dia 14 de março de 2018, o dia da morte de Marielle e Anderson. Até o dia 4 de outubro de 2019, os acusados negaram que estivessem juntos naquele dia. Seis meses depois da prisão de ambos, o MP conseguiu acesso aos celulares apreendidos de Ronnie Lessa. Em um deles, encontraram uma imagem enviada por Elaine Lessa, esposa do acusado, com uma planilha de controle de entrada e saída do condomínio. Nela há o nome de Élcio e é a primeira prova encontrada pelo Ministério Público acerca do encontro dos dois no dia do crime.

    O MP também confirmou através de perícia que a autorização dada para a entrada de Élcio no condomínio foi de Ronnie Lessa. No dia 5 deste mês, uma operação de busca e apreensão das planilhas foi autorizada e recolheu os papéis da cabine do porteiro. Ali, foi encontrada uma anotação que faz referência a casa de Jair Bolsonaro — razão pela qual o MP enviou o material ao Supremo Tribunal Federal, incluindo aí o depoimento do porteiro que também mencionava o presidente. “Se o porteiro se equivocou ou se esqueceu, a informação não é compatível”, resumiu a promotora.

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