Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Caso Marielle: Bicheiro mais temido do Rio gerou briga e acusações no MP

Delator que procurou Ministério Público do Rio fez menção a Rogério de Andrade, mas citação foi descartada

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 jun 2024, 17h43 - Publicado em 16 jun 2024, 11h59
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Bicheiro foi mencionado em delação junto ao MPRJ, mas teve citação descartada
    Bicheiro foi mencionado em delação junto ao MPRJ, mas teve citação descartada (Reprodução/Reprodução)

    O matador de aluguel Ronnie Lessa já estava preso por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco quando um aspirante a delator bateu às portas do Ministério Público do Rio de Janeiro com a proposta de escrutinar o submundo do crime no estado. Recebido pelas promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile, que na época integravam a força-tarefa do caso Marielle, o delator prestava depoimentos que poderiam levá-lo a usufruir de potenciais benefícios judiciais quando mencionou o nome de Rogério de Andrade.

    Patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e sobrinho do lendário Castor de Andrade, Rogério é o bicheiro mais temido do Rio e apontado pelo MP como responsável por homicídios, corrupção, lavagem de dinheiro e exploração ilegal de máquinas caça-níquel. O delator não deu maiores detalhes, mas afirmou que o contraventor estava envolvido na morte da vereadora.

    Como se sabe, Ronnie Lessa confessou ter sido o autor dos disparos que mataram a parlamentar e o motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018, e apontou o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão como mandantes do homicídio.

    Já era de conhecimento de investigadores do Rio que Lessa e Rogério de Andrade eram parceiros em negócios criminosos e, conforme revelou O Globo, o acordo de colaboração do ex-policial militar tem anexos sobre a atuação do contraventor. Aquele caso, no entanto, provocou desdobramentos pouco usuais.

    Continua após a publicidade

    Delação mencionou Rogério de Andrade no caso Marielle

    Com o avanço das negociações com o homem que havia prometido uma radiografia criminal do Rio, a delação foi oficializada pelo Ministério Público, mas tanto nos anexos quanto na redução a termo das revelações do criminoso confesso, o nome de Rogério de Andrade simplesmente desapareceu. A interlocutores, as duas promotoras alegaram que não havia elementos de corroboração para manter a acusação contra o bicheiro e decidiram descartar a menção a ele no acordo. Encerrado o assunto, o caso ficou adormecido.

    Guardada em um gabinete do Ministério Público estadual, a íntegra dos depoimentos do colaborador, gravada em áudio, foi descoberta quando um novo time escalado para tentar desvendar o assassinato de Marielle assumiu os trabalhos. Estava instalada uma verdadeira guerra de bastidores do MP.

    A briga entre membros do Ministério Público

    A equipe do promotor Bruno Gangoni entrou com duas representações – uma criminal e uma disciplinar – contra Simone Sibilio e Letícia Emile por supostamente terem ignorado a citação a Rogério de Andrade naquela delação. Os casos terminaram arquivados sob o argumento de que as duas tinham autonomia para decidir o que era relevante e o que não era em determinada investigação. Tempos depois, as promotoras pediram a rescisão da delação, naquele momento já homologada pela justiça, para sanear parte das provas colhidas no processo.

    Continua após a publicidade

    Fontes do MP atribuem a atitude do promotor que assumiu o caso Marielle a uma espécie de seguro para protegê-lo na hipótese de, no futuro, se descobrir que Rogério de Andrade de fato tinha envolvimento no crime e ele não acabar acusado de blindar o bicheiro.

    Em maio de 2022, já com a apuração do homicídio sob o comando de Bruno Gangoni, o MP admitiu pela primeira vez que uma das linhas de investigação para desvendar o crime passava pelo nome do sobrinho de Castor de Andrade. “Há várias linhas sendo investigadas. Essa [de envolvimento de Rogério de Andrade] é uma delas”, disse na ocasião o promotor do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Diogo Erthal.

    Já com as duas representações arquivadas, Simone Sibilio e Letícia Emile viraram o jogo e procuraram o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em Brasília, para pedir que o colegiado apurasse a conduta da equipe de Gangoni que, mesmo por linhas tortas, havia acusado as duas de ter motivos pouco republicanos ao retirar o nome de Rogério de Andrade da delação. O promotor deixou o caso tempos depois. No apagar das luzes de 2023, o então corregedor Oswaldo d’Albuquerque propôs transformar a acusação em um procedimento administrativo disciplinar (PAD) sigiloso contra Gangoni e outros sete membros do MP fluminense.

    Continua após a publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    2 meses por 8,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.