Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: Sobre princípios e valores

Ao contrário daqueles que fomentam o ódio ou se aproveitam dele, os compromissos de VEJA não são com pessoas ou partidos

Por Da Redação
Atualizado em 12 jul 2019, 16h37 - Publicado em 5 jul 2019, 06h30
TRATADO COMO HERÓI - O ex-juiz Sergio Moro foi capa de VEJA em diversas oportunidades, a maioria a seu favor: embora ele tenha sido fundamental na luta contra a corrupção, não se pode fechar os olhos ante as irregularidades cometidas
TRATADO COMO HERÓI – O ex-juiz Sergio Moro foi capa de VEJA em diversas oportunidades, a maioria a seu favor: embora ele tenha sido fundamental na luta contra a corrupção, não se pode fechar os olhos ante as irregularidades cometidas (VEJA/VEJA)

Nesta edição que chega a você, leitor, VEJA publica uma reportagem em parceria com o site The Intercept Brasil. O texto utiliza como matéria-­prima o conjunto de diálogos repassados por uma fonte anônima ao jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept, e revela de forma cabal como Sergio Moro exorbitava de suas funções de juiz, comandando as ações dos procuradores na Lava-Jato. Durante duas semanas, oito jornalistas, cinco de VEJA e três do site, selecionaram os diálogos e checaram — em processos judiciais e com entrevistas — as informações que constavam neles. Pela leitura do material, fica evidente que as ordens do então juiz eram cumpridas à risca pelo Ministério Público e que ele se comportava como parte da equipe de investigação, uma espécie de técnico do time — não como um magistrado imparcial. Alguns dos exemplos de irregularidades: Moro apontava abertamente aos procuradores as delações de sua preferência, alertava sobre a falta de provas nas denúncias e chegava a receber material dos procuradores para embasar suas decisões.

VEJA sempre foi — e continua — a favor da Lava-Jato. A luta contra a corrupção tem sido um dos pilares da nossa história. Mas os diálogos que publicamos nesta edição violam o devido processo legal, pedra fundamental do estado de direito — que, por sinal, é mais frágil do que se presume, ainda mais na nossa jovem democracia. Jamais seremos condescendentes quando as fronteiras legais forem rompidas (mesmo no combate ao crime). Caso contrário, também seríamos a favor de esquadrões da morte e justiceiros. Há quem aplauda e defenda esse tipo de comportamento, reação até compreensível no cidadão comum, cansado de tantos desvios éticos. Mas como veículo de mídia responsável não podemos apoiar posturas como essa. Um dia, o justiceiro bate à porta e, sem direito a uma defesa justa, a pessoa é sumariamente condenada. Na Lava-­Jato ou nas operações que virão no futuro, é fundamental que a batalha contra a corrupção seja feita de acordo com o que diz o regime constitucional. Essa é a defesa de todos os brasileiros contra os exageros do Estado.

É importante ressaltar que a reportagem desta edição não tem nada a ver com Lula Livre ou com levantar uma bandeira da esquerda. VEJA não faz parte dessa polarização que tanto empobrece a discussão política no país. Nosso objetivo é justamente buscar o equilíbrio, a razão, elevar o nível do debate. Quem acha que estamos contra Sergio Moro também erra. Poucos veículos de mídia celebraram tanto o trabalho do ex-juiz na luta contra a corrupção (veja as capas acima). Mas, ao contrário daqueles que fomentam o ódio ou se aproveitam dele, nossos compromissos não são com pessoas ou partidos. São com princípios e valores. Fomos implacáveis com os crimes cometidos por Lula e pelo PT, dedicando dezenas de capas ao assunto. No momento em que seu algoz cruzou a linha, não vamos fingir que não vimos. Essa postura é parte da nossa missão: fiscalizar e apurar todos os poderes e seus representantes. Afinal, ninguém tem salvo-conduto ou está acima da lei.

Continua após a publicidade

A reportagem desta edição é a primeira em parceria com o The Intercept Brasil. Comandados pelo redator-­chefe Sérgio Ruiz Luz, nossos repórteres continuam vasculhando a enorme quantidade de diálogos e áudios trocados entre procuradores e o juiz Sergio Moro. Assim como a Folha de S.Paulo, também parceira do site, analisamos dezenas de mensagens trocadas ao longo dos anos entre membros do nosso time e os procuradores. Todas as comunicações são verdadeiras — palavra por palavra (o que revela fortíssimos indícios de veracidade do conjunto). Caso esta equipe depare com outras irregularidades no decorrer do processo de apuração, novas reportagens sobre o tema serão publicadas.

Publicado em VEJA de 10 de julho de 2019, edição nº 2642

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.