Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: À vontade no Alvorada

Na segunda entrevista exclusiva deste ano a VEJA, Bolsonaro reclamou da solidão e comparou o Brasil a um transatlântico redirecionado ao curso correto

Por Da Redação Atualizado em 20 dez 2019, 09h44 - Publicado em 20 dez 2019, 06h00
CHINELÃO – Jair Bolsonaro, o redator-chefe de VEJA Policarpo Junior e a repórter Marcela Mattos: confidências e revelações surpreendentes na intimidade do poder (Cristiano Mariz/VEJA)

Uma das mais estupendas criações do arquiteto carioca Oscar Niemeyer (1907-2012), o Palácio da Alvorada nunca foi unanimidade entre os presidentes da República. Fernando Henrique Cardoso, que gostava de morar lá, diz que, a despeito disso, se sentia num aquário gigante — cercado por enormes vidraças e observado o tempo todo pelos funcionários e seguranças. Luiz Inácio Lula da Silva, sem dúvida, foi o que mais se sentiu em casa por ali. Nos primeiros meses de seu governo, o avião presidencial transportava os filhos e os amigos do petista de São Paulo a Brasília para que eles curtissem juntos o fim de semana na ampla piscina aquecida. Um canteiro no formato da estrela do PT, com sálvias vermelhas, foi providenciado no local, descaracterizando o belo jardim do palácio, cujo projeto fora doado ao Brasil pelo imperador japonês Hirohito. Dilma Rousseff vivia às turras com os cozinheiros, que não conseguiam acertar o ponto da comida. Michel Temer passou apenas uma semana na residência oficial. Mudou-se alegando que ouvia ruídos estranhos e não conseguia dormir — achava que o lugar era mal-assombrado. Jair Bolsonaro se sente como um prisioneiro sem tornozeleira eletrônica.

Na manhã do sábado 14, o presidente recebeu a equipe de VEJA para uma entrevista no Alvorada. Bem ao seu estilo, Bolsonaro apareceu de chinelo, bermuda e camisa de um clube de futebol. “Que time é esse?”, perguntaram os jornalistas. “Não sei. Uso ela para dormir”, respondeu o presidente. Foi a segunda exclusiva — no jargão da imprensa — que Bolsonaro concedeu à revista. A primeira, em maio, ocorreu no Palácio do Planalto.

A ideia, desta vez, era fazer um balanço do primeiro ano de governo e conhecer um pouco da intimidade do presidente — como se poderia imaginar, muito diferente da de outros mandatários. Não se veem sinais de ostentação, luxo ou deslumbramento. No fim de semana, a rotina dele se resume a uma breve caminhada pelos jardins (agora prejudicada pela orientação de evitar o sol), a um rápido mergulho na piscina gelada (Bolsonaro mandou cortar o aquecimento) e a pilotar uma motocicleta de 750 cilindradas pelas vias internas do Alvorada (velocidade máxima permitida — e não respeitada — de 20 quilômetros por hora). O presidente não assiste a TV, só vai à espetacular biblioteca para receber raros visitantes, não promove festas e costuma fazer refeições na cozinha, acompanhado apenas pelos funcionários.

Continua após a publicidade

Aos entrevistadores, Bolsonaro reclamou de solidão. A extrema preocupação com a própria segurança só amplia a sensação de isolamento. No Palácio da Alvorada, não se ouve barulho de carro nem de gente conversando. O silêncio é absoluto; chega a incomodar. Isso, porém, não parece suficiente para afastar potenciais ameaças. O presidente confessa que, mesmo protegido por militares do Exército, dorme com uma arma ao alcance da mão. Paranoia? Um ano depois de assumir o cargo, ele diz que ainda é alvo de sabotagem e desconfia que um ex-ministro seu esteve envolvido na trama para assassiná-lo, durante a campanha, em setembro do ano passado.

Apesar de tudo, Bolsonaro não está arrependido. Ao contrário, pensa na reeleição — e quer Sergio Moro como companheiro de chapa. Ele compara o Brasil a um transatlântico que estava prestes a naufragar e agora foi redirecionado para o curso correto. Os detalhes de seu modo de vida no Alvorada, suas preocupações e revelações — algumas surpreendentes — estão na reportagem desta edição.

Publicado em VEJA de 25 de dezembro de 2019, edição nº 2666

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.