Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: A chance perdida

Na corrida eleitorlal, os principais candidatos à Presidência da República passaram ao largo dos temas de real importância para o Brasil

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 11h57 - Publicado em 30 set 2022, 06h00

Ao longo dos últimos dois meses, os principais candidatos à Presidência da República passaram ao largo dos temas de real importância para o Brasil. Pareciam alheios (salvo os raros instantes de lucidez que confirmam a regra) à atual situação econômica do mundo e do país, como se só lhes restasse alimentar a polarização ideológica que tanto empobrece as discussões atuais. O Brasil que espera o novo mandatário em janeiro de 2023, não importa qual seja o vencedor, enfrentará dificuldades bastante espinhosas. Além dos nossos problemas atávicos, a exemplo da pobreza alimentada pelo fosso social, podemos encarar a falta de liquidez global, causada por um mundo em recessão depois de quase três anos de pandemia, em cenário agravado pela eclosão da guerra na Ucrânia. Não será fácil.

A lista de assuntos que mereciam mais atenção, portanto, é imensa. Contudo, e sobretudo entre os candidatos que despontam à frente nas pesquisas de intenção de votos, o caminho escolhido foi outro. O ex-presidente Lula, sem nem sequer apresentar um programa econômico claro, pediu aos eleitores um cheque em branco — como se o bom desempenho no primeiro mandato, entre 2003 e 2006, autorizasse franco otimismo em condições completamente diferentes. O atual presidente, Jair Bolsonaro, comportou-se como sempre, respondendo com rispidez — e muitas vezes com misoginia — a perguntas delicadas. Foi capaz apenas de prometer a manutenção do Auxílio Brasil, sem nem mesmo defender de forma mais explícita algumas boas conquistas de seu governo, como a privatização da Eletrobras, a autonomia do Banco Central e a reforma da Previdência. Ambos, Lula e Bolsonaro, escondem o óbvio: o Brasil de 2023 estará numa situação mais desafiadora do que quando receberam a faixa presidencial. A novos percalços, o correto seria a oferta de soluções concretas e um debate profundo sobre as melhores propostas. Mas não foi o que se viu, ao menos até o momento. Caso a escolha do presidente vá para o segundo turno, haverá tempo para que eles se aprofundem sobre o que pretendem fazer no governo. Embora o mais provável seja a manutenção da guerra.

Um modo de enfrentar os obstáculos do Brasil, por óbvio, seria entendê-los, estudá-los e debatê-los. De nada adianta manter as discussões ao ritmo de mais do mesmo — como se ao país não coubesse outro destino a não ser a escolha entre opostos. Reportagem da edição esmiúça alguns dos assuntos que precisariam ter sido levados aos debates e ao horário gratuito, mas foram “esquecidos” pelos candidatos: a redefinição do papel do Estado na economia, o reequilíbrio entre os poderes, a recuperação do déficit de ensino gerado durante a pandemia e, claro, a redução da desigualdade, além de outros nós que pedem correção de rumo. A campanha poderia ter servido a esse importante passo civilizatório — um olhar para o futuro. Lamentavelmente, nada disso aconteceu neste primeiro turno.

Publicado em VEJA de 5 de outubro de 2022, edição nº 2809

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.