Bolsonaro quer procurador-geral que atue sem ‘estrelismo’ e ‘radicalismo’
Para ele, sucessor de Raquel Dodge deve ficar longe dos 'holofotes' e evitar posturas radicais em temas como militares, defesa das minorias e meio ambiente
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 8, que o novo procurador-geral da República não deve tratar as questões sob sua alçada com “radicalismo” e atuar “sem estrelismo”. Como exemplos do que considera posturas radicais, citou a defesa de minorias e do meio ambiente e interferência em assuntos militares.
“Esperamos ter um procurador que trate a questão ambiental, por exemplo, sem radicalismo. O Brasil está há seis anos tentando fazer o linhão [de energia] Manaus – Boa Vista [e não consegue], em grande parte pelo problema ambiental”, disse, ao deixar o Palácio da Alvorada.
A expectativa é que o sucessor de Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República (PGR) seja anunciado até a segunda-feira 12. O mandato de Dodge termina em 18 de setembro e a indicação compete ao presidente. Tradicionalmente, a escolha é feita entre os três candidatos mais votados por procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que encaminham uma lista tríplice ao chefe do Executivo. O presidente pode ou não acatar as indicações.
Bolsonaro sinalizou que tem cinco nomes cotados, o que inclui a recondução de Dodge ao cargo. Na lista do MPF estão os subprocuradores Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul. O nome do procurador Augusto Aras também é citado como alguém que tem a simpatia do presidente. O indicado deverá passar ainda por uma sabatina na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado e ter o nome aprovado pelo plenário da Casa. O presidente disse que o chefe do MPF deve ser “discreto”. “Não quero alguém que traga para si os holofotes. Em todos os meios têm gente que trabalha com estrelismo”, disse.
Assim como defende um posicionamento equilibrado em relação às questões ambientais, Bolsonaro também espera que o ocupante do posto não interfira em questões relativas às minorias. “Que não atrapalhe a questão de minorias. Acabaram de ver índios aqui querendo progredir, ser como nós somos. Mas, como estão enquadrados nas minorias, o MP, sei que tem suas câmaras, muita independência. A gente conta que o futuro chefe do MP trabalhe nesse sentido, junto aos seus pares, para evitar essa forma xiita de tratar as minorias”, disse.
O tratamento direcionado a assuntos referentes às Forças Armadas também tende a influenciar a decisão de Bolsonaro. “Muitas vezes o MP interfere em questões nossas [dos militares]. Até houve decisão do MP federal dizendo que os alunos dos colégios militares não têm que obedecer ao critério de corte de cabelo. Vai se meter nisso? Os colégios militares estão dando certo, não só do Exército como das policias militares. Vai se meter nisso aí?”, disse.