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Bolsonaro já quis incluir passagem bíblica em texto sobre o golpe militar

A sugestão do presidente, recebida como completamente despropositada, acabou ignorada pelo Ministério da Defesa durante a elaboração da Ordem do Dia

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2021, 15h25 - Publicado em 3 abr 2021, 15h36
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  • A reunião que acabou se transformando na demissão do general Fernando Azevedo do Ministério da Defesa, na última segunda-feira, 29, previa a apresentação da Ordem do Dia, mensagem alusiva ao 31 de março de 1964, dia do golpe militar. Jair Bolsonaro, sabe-se, sempre dedicou atenção especial à data que é emblemática para o Exército e costumava ler com atenção o texto antes de sua divulgação.

    Fernando, porém, acabou demitido logo ao entrar no gabinete presidencial e sequer apresentou a mensagem ao presidente. Não houve espaço nem para as aventuras literárias de Bolsonaro, que, no seu primeiro ano de mandato, tentou incluir na Ordem do Dia o que virou um de seus principais bordões.

    Em 2019, o presidente apresentou uma série de sugestões ao texto, quis embutir na mensagem de sua campanha e até uma passagem bíblica que incorporou ao seu linguajar: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará“, do versículo João 8:32 da Bíblia. Recebida como completamente despropositada, a sugestão foi descartada do texto, cuja versão final não teve nenhuma menção religiosa

    Como o novo ministro da Defesa, Braga Netto divulgou na última terça-feira a Ordem do Dia sobre os 57 anos do golpe militar. O texto divulgado foi aquele que Fernando apresentaria ao presidente antes de ser demitido. Mas houve alterações.

    A mensagem inicialmente ressaltava que as Forças Armadas cumprem função de instituição de Estado, conforme o ministro fez questão de destacar em sua carta de demissão. Esse trecho, porém, acabou retirado.

    Outra mudança diz que os acontecimentos de 31 de março devem ser “celebrados“, enquanto a versão inicial constava apenas que os acontecimentos deveriam ser “compreendidos“. “O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, assinou Braga Netto.

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