O ex-presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista a VEJA, que trocava com frequência o seu telefone – incluindo o aparelho e o número – por questões de segurança. A mudança, detalhou, costumava acontecer a cada seis meses.
No início de maio, a Polícia Federal apreendeu o telefone do ex-presidente no âmbito da operação que apura fraudes em certificados de vacinação. No entanto, o costume do Bolsonaro dificulta o acesso a informações relativas ao período em que ele ocupava o Palácio do Planalto.
De acordo como ex-presidente, quebrar o sigilo telefônico de um ex-presidente da República é algo muito delicado. “Algumas coisas que eu tratei com o [Vladimir] Putin [presidente da Rússia] em fevereiro do ano passado foram pelo meu telefone. Também falei com embaixadores, etc. Eu não quero que fique registrado, não quero que façam história em cima disso”, disse Bolsonaro.
“Trocava a cada seis meses – aparelho, número, tudo, porque se fosse perdido, extraviado, ninguém ia pegar. Eram segredos de Estado, assuntos sensíveis. Vocês acham que o clima não subia com setores da sociedade, da indústria, do agronegócio? Para que saber a conversa que eu tive com tal governador em determinado dia? Não interessa isso, eu tenho discrição”, acrescentou o ex-presidente.
Como mostrou VEJA em fevereiro, as constantes mudanças de telefone chamavam atenção de seus aliados mais próximos. Enquanto esteve nos Estados Unidos, por exemplo, ele trocou duas vezes de número no período de um mês.