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Bolsonaro ameaça STF: ‘temos que acabar com as prisões políticas’

Sem citar nomes, presidente pede que Luiz Fux 'enquadre' ministro Alexandre de Moraes

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Letícia Casado, Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Rafael Moraes Moura Atualizado em 7 set 2021, 13h25 - Publicado em 7 set 2021, 11h19

O presidente Jair Bolsonaro subiu muitos decibéis no discurso político neste feriado de Sete de Setembro e a milhares de apoiadores na Esplanada dos Ministérios ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF) e exigiu que o presidente da Corte, Luiz Fux, “enquadre” o ministro Alexandre de Moraes, relator de barulhentos inquéritos que atingem a base bolsonarista, investigada pelo suposto financiamento de atos antidemocráticos e por divulgação massiva de fake news. A manifestantes que ocupam desde cedo a região em frente ao Congresso Nacional, Bolsonaro atacou o que chamou de “prisões políticas” determinadas pelo Poder Judiciário e disse que, se Moraes não for contido, a Suprema Corte “pode sofrer aquilo que nós não queremos” – sem explicar exatamente o que seria o que “nós não queremos”.

“Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população”, discursou ele, sem mencionar nominalmente nem Fux nem Moraes. Além de conduzir investigações que assombram o governo, Alexandre de Moraes também foi o responsável por decretar a prisão de aliados bolsonaristas como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o ex-deputado e mensaleiro Roberto Jefferson (PTB-RJ), ambos por ataques e ameaças à integridade física de juízes do Supremo. Jair Bolsonaro voltou a falar em ‘ultimato” e disse que “não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque risco à nossa liberdade”.

“Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República. Nós todos na Praça dos Três poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, completou o presidente de cima de um caminhão de som.

Enquanto proferia seus ataques, o ex-capitão recebia da plateia gritos de ‘fora Alexandre’, ‘fora STF’ e ‘eu autorizo’, uma interpretação enviesada do artigo 142, da Constituição. Este artigo, interpretado erroneamente por apoiadores do presidente como um aval para que as Forças Armadas intervenham em outros poderes, afirma que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

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“Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, continuou. Aos seus apoiadores, o presidente disse, sem citar nome, que um ministro “perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal” e anunciou que nesta quarta-feira pretende se reunir com o Conselho da República, colegiado responsável por pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e “questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas”. “Amanhã [quarta] estarei no Conselho da República, juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês para mostrar para onde nós todos devemos ir”, afirmou.

Durante o rápido trajeto entre o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, e a Esplanada dos Ministérios, local das manifestações, Bolsonaro fez uma transmissão em suas redes sociais e disse que o povo precisaria lutar para que o futuro político brasileiro não se iguale a ditaduras da América Latina. “Tenho certeza que cada um de vocês tudo fará para que sua liberdade seja garantida. Exemplo nós temos aqui na América Latina, onde relaxaram nesse quesito, achando que a sanha ditatorial daqueles que ocupavam o poder naquele momento nunca iam chegar até vocês. Chegou lá. Não vai chegar aqui. Bora, p…”, afirmou de cima da carroceria de uma caminhonete.

Bolsonaro chegou aos atos de Sete de Setembro depois de ter sobrevoado o local das manifestações de Sete de Setembro em um helicóptero. No momento do sobrevoo, houve gritos de apoio ao presidente e um buzinaço de caminhoneiros, que tiveram autorização para estacionar os veículos ao longo de uma via próxima. Milhares de manifestantes em favor do presidente estão concentrados na região, mas o local mais disputado é o último alambrado que impede a passagem dos manifestantes para o Supremo Tribunal Federal.

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