Último mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Bolsonaro afirma que torturador Brilhante Ustra é um “herói nacional”

Morto em 2015, coronel chefiou o DOI-Codi, divisão de repressão e inteligência da ditadura, e foi o 1º militar do regime condenado pelo crime de tortura

Por Da Redação
Atualizado em 8 ago 2019, 18h11 - Publicado em 8 ago 2019, 12h59

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 08, que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – reconhecido pela Justiça como torturador da ditadura militar – é um “herói nacional”. A declaração foi dada por Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, após ser questionado por jornalistas sobre um almoço que terá com a viúva do coronel, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra.

“Ela conta uma história bem diferente daquela que a esquerda contou para vocês”, disse Bolsonaro. “Tem um coração enorme. Sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. É um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer.”

Ustra chefiou o DOI-Codi, divisão de repressão e inteligência da ditadura, entre 1970 e 1974. Ele foi o primeiro militar condenado por crimes cometidos durante o regime. Em 2008, o juiz Gustavo Santini Teodoro sentenciou o coronel pela prática de tortura e sequestro na década de 1970. Testemunhas ouvidas no processo disseram que Ustra comandava pessoalmente as sessões de tortura. 

Quatro anos depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a decisão que reconheceu Ustra como o responsável pelas torturas praticadas contra a família Teles, que moveu a ação original. Em 1972, Maria Amélia Teles, o marido, Cesar Teles e a irmã Crimeia foram presos e torturados no DOI-Codi. Os filhos do casal também ficaram em poder dos militares.

Continua após a publicidade

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) registrou 45 mortes e desaparecimentos de pessoas que estiveram presas no DOI-Codi durante o período em que Ustra chefiou o centro de repressão. Também foram constatados ao menos 502 casos de tortura nos porões do local.

Ustra morreu aos 83 anos, em 2015. Em depoimento prestado à CNV, em 2013, ele afirmou que “lutou pela democracia” e negou ter cometido crimes durante o regime militar. “Nunca fui assassino”, disse. 

Continua após a publicidade

Não é a primeira vez que Bolsonaro faz elogios ao coronel. Em 2016, quando era deputado federal, ele mencionou Ustra ao votar favoravelmente ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff (…), o meu voto é sim”, afirmou Bolsonaro. A ex-presidente foi torturada durante a ditadura militar.

Bolsonaro provocou indignação ao dizer, na última semana, que poderia contar ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, como seu pai tinha desaparecido durante a ditadura. “Ele não vai querer ouvir a verdade”, afirmou. Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira desapareceu após ser preso pelo governo militar, em 1974. Em 2012, no livro Memórias de uma Guerra Suja, o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra disse que o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos (RJ).

Podcast

O jornalista Thomas Traumann avalia que Bolsonaro, com seu discurso de ódio, está conseguindo um feito inédito nos últimos anos: fazer com que pessoas que discordam em quase tudo voltem a conversar. Ouça a análise.

Continua após a publicidade

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.