Considerado a maior instituição regional de fomento da América Latina, o Banco do Nordeste (BNB) estuda abrir uma nova licitação para escolher a empresa que vai operar duas importantes linhas de crédito da instituição que, somadas, emprestam R$ 16 bilhões.
Os recursos são destinados aos programas Crediamigo e Agroamigo, criados com o objetivo de estimular investimentos de microempreendedores e agricultores da região. Atualmente, quem gerencia a maior parte dos contratos relacionados a essas linhas de crédito é uma empresa privada.
Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro acusou a empresa que na época cuidava dos programas de funcionar como “ONG petista”. Ela havia sido contratada sem licitação por 600 milhões de reais e era comandada, segundo o presidente, por um pessoa próxima ao deputado José Guimarães (PT-CE).
Por conta disso, o contrato com a empresa foi encerrado. Para o lugar dela, o banco contratou outra empresa, a Camed, que desde então é gerida por um aliado do deputado Júnior Mano (PL-CE). Mano e Guimarães são adversários políticos no Ceará.
“O microcrédito é uma forma de fazer política na ponta. Influir nesse processo rende poder, influência e votos”, disse o ex-deputado Hildo Rocha (MDB-MA), autor de um pedido para que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigasse os contratos entre o BNB e essas prestadoras de serviço.
A auditoria do TCU apontou possíveis irregularidades cometidas pelo banco. Os técnicos estranharam o fato de a instituição nunca ter realizado uma licitação para escolher a empresa responsável pela gestão das linhas de crédito.
O relatório também destaca o fato de a Camed ter sido fundada poucos meses antes de ser escolhida para prestar serviços ao BNB, além de ter expertise na área. O banco informou que desconhece o resultado da investigação. Diante das suspeitas, Paulo Câmara estuda realizar uma licitação para contratar uma nova operadora das linhas de crédito.