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Bivar isenta Bebianno sobre candidatas ‘laranjas’: ‘Decisão de Pernambuco’

Presidente do PSL diz que partido não criou candidatas inexistentes, mas fez 'apostas erradas' em mulheres com poucas chances de serem eleitas

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 fev 2019, 17h06 - Publicado em 15 fev 2019, 16h13

Presidente nacional do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE) afirmou, em entrevista a VEJA, que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, não tem qualquer relação com as candidatas do partido em Pernambuco acusadas de serem “laranjas”.

“O Bebianno não sabia quem elas eram. Como presidente do PSL, ele tinha apenas que repassar aquilo que já estava combinado com o diretório de Pernambuco, que é quem definiu a chapa”, diz. À época da eleição, o advogado Antônio Rueda era o presidente do PSL no estado, hoje dirigido por Marcos Amaral. Os dois são aliados próximos de Bivar, fundador e dirigente do partido desde 1998.

Segundo Bivar, o direcionamento de altos valores do Fundo Eleitoral da legenda para Pernambuco, sua base eleitoral, foi o cumprimento de um acordo entre ele e Bebianno. “Quando eu repassei a presidência do partido para ele, ficou combinado que os compromissos assumidos seriam cumpridos. Lá, eu já tinha me comprometido a ajudar diversos candidatos, não poderia deixá-los sem recursos, sem santinho para fazer campanha, só porque o Bolsonaro se filiou”.

As notícias de que o ministro repassou dinheiro do Fundo Eleitoral para candidatas com resultados eleitorais pífios, um possível indicativo de uma candidatura fraudulenta, foi o centro de uma crise entre Bebianno, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o filho dele, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC).

Depois que o ministro concedeu uma entrevista dizendo que estava com boas relações com o presidente apesar do escândalo, Carlos afirmou, no Twitter, que Bebianno estava mentindo e divulgou um áudio com a suposta prova: uma gravação em que Bolsonaro diz que não pode falar com seu subordinado. A mensagem foi endossada pelo presidente na rede social.

‘Apostas erradas’

Durante a entrevista a VEJA, o deputado federal, eleito 2º vice-presidente da Câmara, diz considerar errado classificar essas candidatas como “laranjas” só porque o resultado das urnas ficou muito aquém do investimento do partido, como os casos de Maria de Lourdes Paixão, que recebeu 400.000 reais e obteve apenas 274 votos, ou de Érika Siqueira, que recebeu 250.000 reais para 1.315 votos.

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“São apostas erradas. Como é que poderíamos saber que uma candidata não ia ter voto, se ela te disse que ia, que conhecia o padeiro da esquina, o cara da farmácia? Às vezes ela tem a ilusão de que vai ser eleita e você não tem como diferenciar o que é o sonho dela e o que é a verdade”, argumentou.

Pela lei brasileira, os partidos são obrigados a reservar 30% das vagas em suas chapas ao Legislativo para candidatas mulheres e, por tabela, destinar a mesma proporção de recursos do Fundo Eleitoral para estas postulantes. Para Bivar, que recentemente afirmou que “política não é muito da mulher”, esse é o grande problema, uma vez que os partidos seriam “obrigados” a lançar e investir em candidatas com poucas chances ou condições de vitória

“Eu incansavelmente procuro candidatas no Brasil inteiro para atender a lei. Só que não é todo dia que eu encontro uma Janaína Paschoal, uma Carla Zambelli ou uma Joice Hasselmann”, diz. Sobre o fato de Érika ser ex-assessora do partido, ele alega ter buscado referências. “Como precisávamos apostar, é melhor pegar alguém que você já conhece, com referências, do que pegar alguém que está passando na rua e lançar como candidata”

Ele cita uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que identificou casos semelhantes em outros partidos e estados, como Sônia Alves (DEM), que disputou uma vaga de deputada estadual pelo Acre e recebeu 280.000 reais para apenas seis votos nas eleições. “A lei cria essas distorções. Essa lei, quando ela faz o partido ter essas cotas, o obriga a fazer apostas a cego”.

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Questionado se os valores nos casos de Lourdes ou de Erika Siqueira foram excessivos, ele diz que não. “O Paulinho da Força [dirigente do Solidariedade] me ligou se queixando dessa mesma situação. Ele disse que precisou gastar 13 milhões de reais e só sete candidatas tiveram mais de 1.000 votos. E tem mais: as candidatas não divulgavam apenas elas mesmas, elas ajudavam a divulgar nossos candidatos, o Bolsonaro, o 17 do PSL. Tudo que nós gastamos teve um lado positivo”, diz.

Gráfica

Sobre a concentração de gastos das campanhas em uma gráfica que pertence a Luís Alfredo Vidal Nunes da Silva, filiado ao PSL, Bivar disse que a razão foi um preço mais barato feito pela empresa de Vidal em virtude de um volume alto de compra. “Fazer esse negócio com uma única empresa é melhor porque reduz o custo e facilita, que ele já fica com o layout do santinho, com o modelo, então é mais prático”, disse.

À Folha, Luís Vidal disse que seu negócio é “informal” e, por isso, ele não tinha como apresentar provas dos serviços prestados, mas garantiu ter realizado tudo o que foi declarado por Bivar e outros candidatos do PSL, em um gasto total de 1,2 milhão de reais. “Estávamos no diretório, distribuindo e adesivando carros o dia inteiro. Aí acabava, pedíamos mais e ele trazia o material”, afirma o presidente do PSL.

Empresa de filho

Durante sua campanha, Luciano Bivar gastou 250.000 reais em serviços da empresa Nox Entretenimento, de propriedade do seu filho, Cristiano. Além de Bivar, a empresa prestou serviço para apenas um outro candidato em Pernambuco: o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM), que concorreu ao Senado, mas não se elegeu.

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De acordo com o deputado, “Nox Entretenimentos” é a razão social de uma empresa de produções audiovisuais conhecida como Casona Estúdio, que nas eleições prestou serviços de “jingles, vídeos, decoração, projeto arquitetônico, som, palco, projetos, gerador e mobília” a ele e a todos os demais candidatos do PSL em Pernambuco. O número de telefone da empresa registrado junto à Receita Federal está instalado no escritório Rueda e Rueda.

“É um serviço que ninguém faria por menos de um milhão. Contratamos porque foi o melhor para o partido, porque meu filho disse que com 250.000 reais ele conseguiria fazer o trabalho”.

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