A advogada Gabriela Araújo tem bons amigos – e combativos desafetos – no mundo jurídico. Candidata a integrar uma das duas listas tríplices que serão enviadas ao presidente Lula para a nomeação de dois novos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, ela conta com a atuação do marido, o deputado estadual Emídio de Souza (PT), como cabo eleitoral para ser escolhida como uma das novas integrantes da Corte responsável pelos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O fato de ter relações pessoais com a cúpula do poder – ela foi madrinha de casamento de Lula e Janja – é apontado por interlocutores que acompanham a disputa como elemento adicional que pode fazer dela a escolhida. Ela foi a mais votada na formação da segunda lista tríplice feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e atualmente é considerada uma das favoritas a entrar no rol a ser encaminhada ao presidente.
Tida como uma das mais próximas amigas da primeira-dama, Gabriela Araújo integrou o quarteto que formalmente foi responsável pela prestação de contas da campanha presidencial petista em 2018, a mesma que começou com Lula candidato e preso na Lava-Jato e terminou com a chapa formada por Fernando Haddad e Manuela D’Avila derrotada por Jair Bolsonaro.
Em época de campanha, período em que uma fonte que acompanha o caso classifica como ‘abaixo do pescoço, tudo é canela’, um suposto desempenho insatisfatório de Gabriela como responsável pelas contas tem chegado aos ouvidos de desembargadores para que eles sejam convencidos a não votarem nela.
Professora e doutora em Direito Constitucional, ela atua em contas eleitorais há mais de 15 anos e foi responsável por outras prestações de contas de candidatos do PT, como a do ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha, do atual presidente do BNDES Aloizio Mercadante e do próprio presidente Lula.
Interlocutores de Gabriela Araújo dizem que parte de dois outros candidatos de cunho progressista a artilharia contra a advogada e classificam a tentativa de desqualificação como ‘misoginia’. Por ser uma vaga destinada ao quinto constitucional, admitem porém, a proximidade com o presidente ajuda, embora não necessariamente seja decisiva.
Coordenadora do Grupo Prerrogativas, braço jurídico alçado à ribalta por se contrapor à Operação Lava-Jato, a candidata a desembargadora conta também com apoios do ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, do advogado-geral da União Jorge Messias e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça.