Após violência, Paes diz que segurança no Rio é ‘vergonha’ e presidente da Alerj pede união
Declarações aconteceram depois de dois dias de caos na capital fluminense

O prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PSD), criticou a condução da Segurança Pública do estado pelo governador, Cláudio Castro, por meio de seu secretário Victor Santos. Em vídeo publicado nas redes sociais, o alcaide disse que “há excesso de politização” e que “faltam políticas públicas” para resolver os problemas de violência no estado. Presidente da Assembleia do Rio, Rodrigo Bacellar (União) foi ao púlpito da Casa criticar o uso eleitoral dos problemas na estrutura estadual e pediu uma reunião com chefes de poderes e instituições públicas para solucionar a questão.
As declarações foram feitas depois de um novo episódio de violência nesta quinta-feira, 24, que levou pânico a moradores da cidade do Rio. Um tiroteio entre policiais e criminosos de um complexo de favelas na Zona Norte da capital deixou dois mortos e provocou cenas de terror em uma das principais vias expressas do estado. Nesta terça, outro confronto levou caos aos cariocas, depois que torcedores do Peñarol, time uruguaio que enfrentou o Botafogo, tiveram atos de vandalismo na Zona Oeste, ao incendiarem veículos, saquearem e depredarem estabelecimentos, antes da chegada da polícia.
Em meio a uma troca de farpas com o secretário de Segurança do estado, Victor Santos, que teria culpado o prefeito pelos problemas na Zona Oeste, Paes fez duras críticas à sua atuação. “Esse caso do Complexo de Israel, essa loucura que está acontecendo hoje na Avenida Brasil, a principal via da cidade. Fechando trem, BRT, carros parados, as pessoas atrás de muretas. Essa vergonha que mostra o total descontrole de vocês na Segurança”, disse Paes, em recado ao governo do Rio.
“Não tenho nenhuma avaliação sobre seu trabalho, sua situação é complexa. O senhor é um secretário sem comando. Há um excesso de politização, deputado indicando comando de batalhão, a gente já conhece bem. Vou cobrar a inação de vocês, a falta de política de Segurança Pública e a vergonha que a gente está vendo no Rio de Janeiro. Vou passar a fazer sempre as cobranças públicas. Vai ser cobrado pelo prefeito da cidade. Essa cidade não aguenta mais essa irresponsabilidade. Do jeito que está, entregue à criminalidade, sem que a gente veja uma política pública, de Segurança Pública”, completou o prefeito.
Pouco depois, no plenário da Alerj, Bacellar também se manifestou. Ele e Paes têm sido cotados como adversários na eleição ao governo do estado em 2026, embora ambos neguem, e tiveram nas últimas semanas uma troca de farpas pública. Para o presidente da Assembleia, esse tema deve ser deixado para depois.
“Passou da hora da gente deixar a vaidade de lado. Parece insano pensar na eleição de 2026, quando estamos ainda em 2024. Quando o estado sangra na questão de Segurança Pública, surgem um monte de personagens que querem ser heróis, salvadores da pátria ou se colocarem para o pleito futuro. Não existe super herói. Não adianta achar que vamos trocar o governador, ou o secretário de Polícia, e tudo vai ser resolvido da noite para o dia”, disse.
Bacellar afirmou ainda que, no cidade do Rio, “por muitas vezes, passou a ser normal” ter um celular roubado. E sugeriu um debate conjunto com outros entes para resolver o problema que, para ele, não é exclusivo do estado.
“Se fosse um de nossos parentes sentado ali em um banco esperando o ônibus, como alguém daqui, com um pouquinho de poder, reagiria. Passou da hora da gente conversar com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, o chefe da Polícia Federal, o comandante da Polícia, os deputados, o Supremo para uma conversa civilizada e coletiva. Vamos deixar essa merda de eleição para 2026, desculpa o termo. O que está acontecendo no Rio, acontece no Brasil inteiro. Precisamos todos sentar em uma mesa”, concluiu.