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Após crítica de Moro, MPF trocou procuradora que iria acusar Lula

Novos diálogos revelados pelo The Intercept Brasil mostaram que Deltan Dallagnol e Carlos Fernando Lima trocaram o responsável pela acusação em audiência

Por Da Redação 20 jun 2019, 20h10
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  • A procuradora do Ministério Público Federal (MPF) criticada pelo ministro Sergio Moro (Justiça) por não ir “muito bem” em inquirições no tribunal, segundo diálogos vazados pelo site The Intercept Brasil, deixou de participar da audiência na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou seu primeiro depoimento à Operação Lava Jato.

    A retirada dela e a inclusão de dois procuradores considerados mais experientes – Júlio Noronha e Roberson Pozzobon – ocorreu após uma troca de mensagens entre os dois procuradores mais proeminentes da Lava Jato em Curitiba: Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, e Carlos Fernando dos Santos Lima, sobre as considerações de Moro.

    O desdobramento da crítica de Moro à procuradora está em diálogos revelados na noite desta quinta-feira, 20, pelo programa ‘O É da Coisa’, comandado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, na rádio Band News FM, em parceria com o The Intercept Brasil.

    Na primeira série de reportagens feitas pelo The Intercept Brasil, Moro critica a performance da procuradora em conversa com Dallagnol.


    Moro – 12:32:39. – Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem.

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    Dallagnol – 12:42:34. – Ok, manterei sim, obrigado!


    Pouco depois, Dallagnol conversa com Santos Lima sobre o assunto. Nas mensagens, fica evidente a preocupação dos procuradores com o sigilo da conversa. São esses diálogos que foram divulgados nesta quinta-feira.


    12:42:34- Deltan: Recebeu a msg do moro sobre a audiência tb?

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    13:09:44 – Carlos Fernando: Não. O que ele disse?

    13:11:42 – Deltan: Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo

    13:12:28 – Deltan: (Vc vai entender por que estou pedindo isso)

    13:13:31 – Deltan: Ele está só para mim.

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    13:14:06 – Deltan: Depois, apagamos o conteúdo.

    13:16:35 – Deltan (reproduzindo a mensagem de Moro): Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem.

    13:17:03 – Carlos Fernando: Vou apagar, ok?

    13:17:07 – Deltan: apaga sim

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    13:17:26 – Carlos Fernando: Apagado.

    13:17:26 – Deltan: Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela

    13:18:11 – Carlos Fernando: Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer.

    13:18:32 – Deltan: Apaguei.

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    Moro foi questionado sobre a crítica à procuradora, considerada uma intervenção do juiz no trabalho da acusação, pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), na audiência da qual participou o ministro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. E Moro negou irregularidade ou que sua crítica tivesse qualquer consequência.

    A resposta dele ao questionamento do senador:

    “Senador, pelo teor das mensagens, se elas forem autênticas, não tem nada de anormal nessas comunicações. O exemplo que Vossa Excelência colocou é o claro exemplo de um factoide. Eu não me recordo especificamente dessa mensagem, mas o que consta no caso divulgado pelo site é uma referência de que determinado procurador da República não tinha o desempenho muito bom em audiência e para dar uns conselhos para melhorar. Em nenhum momento no texto, há alguma solicitação de substituição daquela pessoa. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências e atos processuais, até hoje, dentro da operação Lava Jato“.

    No dia 10 de maio de 2017, durante o primeiro depoimento do ex-presidente Lula a Moro, em Curitiba, sobre o caso do tríplex do Guarujá, no entanto, a procuradora Laura Tessler não estava mais lá. Representavam a acusação os procuradores Noronha e Pozzobon (‘Julinho’ e ‘Robinho’, na conversa entre Dallagnol e Santos Lima).

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