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Alvo de operação, presidente da Alerj foi de aliado a algoz de Witzel

Um dos mandados de busca e apreensão mirou André Ceciliano (PT), responsável pela abertura do processo de impeachment contra o governador

Por Jana Sampaio Atualizado em 28 ago 2020, 17h35 - Publicado em 28 ago 2020, 10h25

Um dos 82 alvos de busca e apreensão da Operação Tris In Idem desta sexta-feira, 28, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), já foi considerado aliado político do governador Wilson Witzel (PSC) antes de ser o responsável por abrir o processo de impeachment do ex-juiz na Alerj. A mudança de postura aconteceu após a deflagração da Operação Placebo, também da Polícia Federal, que apurou atos de corrupção na prestação de serviços como implementação de leitos e fornecimento de medicamentos e ventiladores pulmonares em hospitais de campanha.

De acordo com a delação premiada do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, firmado no início de agosto com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente da Alerj seguiu os passos de seu antecessor e também cooptou outros deputados por meio de distribuição de dinheiro público desviado e indicações para vagas de trabalho em organizações sociais.

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Nas palavras de Edmar Santos, já em 2019, por iniciativa de Ceciliano, pouco mais de R$ 100 milhões foram “doados” pela Alerj. A declaração é corroborada pelas ordens bancárias que retratam transferências da Alerj para a conta única do tesouro estadual no valor de R$ 106.323.508,70.

O documento lembra que a centralização do esquema na presidência da Casa não é novidade e que nas operações “Cadeia Velha” e “Furna da Onça” constatou-se que parte da distribuição da propina passava por Jorge Picciani e Paulo Melo, então presidentes da Assembleia, e que o mesmo se repete com o petista.

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A Operação Tris In Idem – uma referência ao terceiro governador acusado de usar esquemas ilícitos para conseguir vantagens indevidas, a exemplo de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão – tem como objetivo a desarticulação de uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos, especialmente em contratos firmados para gestão de saúde e para o combate à pandemia da COVID-19. Segundo a Polícia Federal, também foram identificados atos de lavagem de dinheiro por parte da organização. Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva e “lavagem de dinheiro”.

Após a primeira operação da PF, Ceciliano, que está na Casa desde 1999 e é tido pelos parlamentares como pragmático e conciliador, decidiu voltar os olhos com mais atenção para os dez pedidos de impeachment apresentados contra Witzel na Alerj. O deputado, inclusive, passou a se manifestar publicamente em oposição a Witzel, como quando o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Lucas Tristão, foi exonerado. Na época, o afastamento de Tristão foi considerado por alguns deputados uma tentativa de barrar o processo de impeachment do governador. Mas, como se sabe, não deu certo.

Antes de estar no olho do furacão político do governo Witzel, Ceciliano já foi alvo de críticas por posicionamentos dentro da Alerj. Em abril de 2015, ele votou a favor da nomeação de Domingos Brazão para o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro após o deputado ser acusado pelo Tribunal Regional Eleitoral de compra de votos e ser citado em uma ação por improbidade administrativa.

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Dois anos depois, em 20 de fevereiro de 2017, Ceciliano foi um dos 41 deputados estaduais a votar a favor da privatização da Cedae, medida controversa que tinha como um dos objetivos colocar a folha de pagamento dos servidores estaduais em dia. Naquele mesmo ano, em 17 de novembro de 2017, ele votou pela revogação da prisão dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi e de outros denunciados na Operação Cadeia Velha. Os parlamentares estavam sendo acusados de fazer parte de um esquema criminoso.

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