Alvo da Lava Jato, aliado de Jader já foi número 2 de ministério
Sob investigação da PF, o ex-senador Luiz Otávio foi eleito pelo PSDB, migrou para o PMDB, apoiou Lula e teve cargos importantes nas gestões Dilma e Temer

Um dos alvos da nova fase da Operação Leviatã, desdobramento da Operação Lava Jato, o ex-senador Luiz Otávio é aliado do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e ocupou cargos de destaque nos governos de Michel Temer (PMDB) e Dilma Rousseff (PT).
Otávio foi secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, o segundo cargo mais importante na hierarquia da pasta, em parte da interinidade de Temer à frente do Palácio do Planalto. O ex-senador foi exonerado em decreto assinado pelo presidente e pelo filho de Jader, o ministro Helder Barbalho, em portaria publicada no dia 23 de junho no Diário Oficial da União.
Otávio, no entanto, não ficou sem emprego. No mesmo dia, outra publicação no Diário Oficial assinada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o nomeou para o cargo de assessor especial do Ministério dos Transportes. Ele foi exonerado no dia 6 de janeiro deste ano.
O ex-senador também já ocupou cargos relevantes na administração petista. Ele esteve na secretaria-executiva da extinta Secretaria Especial de Portos no governo Dilma, comandada por Helder Barbalho. Pouco antes do seu afastamento temporário do Planalto, em maio, a petista enviou ao Senado uma mensagem para nomear Otávio diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Temer, contudo, retirou a indicação dele ao cargo no início de junho passado.
Luiz Otávio foi eleito senador em 1998 pelo PSDB, com o apoio do então governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB). Durante o mandato, no entanto, deixou o partido e migrou para o PMDB, onde integrou a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Alvos
Os nomes do filho do senador Edson Lobão (PMDB-MA), Márcio Lobão, e de Luiz Otávio foram indicados na delação do executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra, que relatou pagamentos feitos pela empreiteira pelas obras das usinas hidrelétricas de Belo Monte e Angra 3.
Segundo o ex-diretor da Andrade Gutierrez, integrante do consórcio construtor de Belo Monte, entre 4 milhões de reais e 5 milhões de reais foram repassados ao senador Lobão pelas obras de Angra 3 e 600 mil reais por Belo Monte. De acordo com o delator, o valor relacionado a Belo Monte foi entregue em espécie na casa de Márcio Lobão. Ainda em sua delação, o executivo disse que a propina em Belo Monte era de 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB – porcentual sobre o valor do contrato.
Lobão é hoje o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, responsável por sabatinar o novo ministro do STF e também o futuro procurador-geral da República. As buscas desta quinta-feira são feitas nas residências e escritórios de trabalho dos suspeitos de fazerem o repasse de valores aos políticos que estão na mira do inquérito.
No inquérito que tramita sob sigilo no STF, são investigados, além de Lobão e Barbalho, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
(Com Estadão Conteúdo)