Aliados vão para o cadafalso, e Bolsonaro segue tentando se descolar da trama golpista
Ex-presidente repete que jamais soube dos diversos planos praticados pelo seu entorno para mantê-lo no poder
Apontado como o líder máximo de uma organização criminosa que tentou subverter a democracia, o ex-presidente Jair Bolsonaro mantém firme o discurso de que jamais teve conhecimento dos mais variados planos levados a cabo por seus aliados para mantê-lo no poder.
Até o momento, são 14 réus no Supremo Tribunal Federal (STF) por participação na trama golpista, incluindo o próprio Bolsonaro. Há, no rol, ex-ministros e ex-assessores presidenciais que integravam o núcleo da mais estreita confiança do governo, além do ex-braço-direito Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada e apontou para uma série de decisões tomadas após ordem do ex-presidente.
Uma dessas medidas seria o monitoramento do ex-ministro Alexandre de Moraes. De acordo com Mauro Cid, a espionagem se deu por ordem direta de Jair Bolsonaro. Mas, de modo a minimizar o objetivo, o ex-ajudante de ordens disse que seria apenas para apurar se aliados do capitão estariam se reunindo às escondidas com o magistrado. A versão não para de pé, e outras motivações foram apresentadas.
A defesa do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro que chegou a ser preso por atuar no plano de monitoramento, disse que se tratava de um simples “controle de agendas” que tinha como objetivo monitorar uma reunião – mantida em segredo até a arapongagem vir à tona – realizada entre Bolsonaro e Moraes na casa do ex-ministro Ciro Nogueira. À época uma espécie de “bombeiro” entre os dois, o chefe da Casa Civil trabalhava para pacificar a relação da dupla.
Já para a PGR, o plano de espionagem tinha como objetivo mapear os passos do ministro para levar a cabo uma segunda – e macabra – fase da estratégia, denominada “Punhal Verde Amarelo”. O documento, encontrado em um HD externo do general Mário Fernandes, previa o acompanhamento de locais de frequência do ministro do STF para sequestrar e até assassinar Alexandre de Moraes.
Arrastando o ex-presidente para o enredo, a PGR encontrou provas de que o general Fernandes imprimiu o plano de assassinato no Palácio do Planalto e na sequência foi até o Palácio do Planalto, onde estava Jair Bolsonaro. “A ciência do plano pelo presidente da República e a sua anuência a ele são evidenciadas por diálogos posteriores, comprobatórios de que Jair Bolsonaro acompanhou a evolução do esquema e a possível data de sua execução integral”, afirmou o procurador Paulo Gonet Branco.
Preso há cinco meses, Mário Fernandes foi diversas vezes visitar o então presidente no Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições. Depois de um desses encontros, ele enviou uma mensagem a Mauro Cid dizendo que conversou com Bolsonaro e que ele disse que “qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro”.
Na última vez que foi perguntado sobre o assunto, Bolsonaro voltou a se descolar de qualquer iniciativa. “Eu não posso responder por algo que alguém fez e não falou por que fez isso, quem mandou para fazer, quem estaria envolvido nesse plano. Logicamente, eu abomino qualquer tentativa de assassinar quem quer que seja”, afirmou o ex-presidente durante entrevista ao SBT na última segunda-feira, 21.
Para os investigadores, porém, não há dúvidas de que o então presidente acompanhava – e ordenava – as estratégias golpistas.
Brasil está próximo de ter ministro de tribunal superior preso, diz senador
Cruz Azul x Flamengo: onde assistir, horário e escalações
Moradores do Retiro dos Artistas comovem com pedidos de Natal
Presidente da CCJ diz que pretende ‘enterrar’ projeto que reduz pena de Bolsonaro
Qual eleitor mais se arrepende de ter votado em Lula, segundo o Datafolha







