“Menino veste azul, menina veste rosa”. A frase da ministra Damares Alves, que assumiu a pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, entrou para a lista dos assuntos mais comentados na internet nesta quinta-feira (3). Na nova pasta, criada pelo governo Bolsonaro, Damares vai coordenar as políticas e diretrizes destinadas à promoção dos direitos humanos.
Damares reagiu à publicação e disse que seu objetivo foi, de fato, fazer uma declaração contra a “ideologia de gênero”, referindo-se à sexualidade das crianças. “Fiz uma metáfora contra a ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores.”
O vídeo, segundo a assessoria de comunicação de Damares Alves, foi gravado logo após o fim de seu discurso de posse, realizado nessa quarta-feira, 2, em Brasília. Damares recebia um grupo de apoiadores em uma sala no ministério. Ela pede atenção do grupo que a acompanha e diz a frase. Após aplausos e gritos de apoio, a ministra repete, em tom triunfante: “Atenção, atenção. É uma nova era no Brasil. Menino veste azul e menina veste rosa”.
Não é a primeira vez que a ministra — “terrivelmente cristã”, como ela se definiu na posse — expressa seus posicionamentos sobre diferenças de gênero. “Neste governo, menina será princesa e menino será príncipe. Está dado o recado. Ninguém vai nos impedir de chamar nossas meninas de princesas e nossos meninos de príncipes”, disse após ser indicada para o cargo. Segundo ela, um dos desafios de sua gestão será acabar com o que chama de “abuso de doutrinação ideológica”.
Ela também já afirmou ser contra o aborto, mas que não deve alterar a legislação que permite a prática nos casos de estupro, risco à vida da mãe ou feto anencéfalo. “O aborto apenas nos casos necessários e aqueles previstos em lei. Mesmo nestes, eu tenho certeza que, quando é oferecida à mulher uma outra opção, ela pensa duas vezes. Essa pasta não vai lidar com o tema aborto, essa pasta vai lidar com proteção de vidas, e não de morte”.
No fim do ano passado, durante um culto evangélico, Damares disse que viu Jesus Cristo em cima de um pé de goiaba, quando tinha dez anos. Na ocasião, ela pensava em se matar por conta de abusos sofridos na infância: “Eu estava em cima do pé de goiaba, eu ia tomar veneno eu ia morrer era muita dor na alma de todos os abusos que passei. E quando estava em cima do pé de goiaba eu não vi um unicórnio, eu vi não vi um amigo imaginário, eu vi o que eu acreditava, Jesus. Quando eu vi Jesus, eu esqueci o veneno”.
Ela reforçou para a plateia de fiéis que Jesus quer ter experiências extraordinárias com as crianças. “Ele foi para o galho onde eu estava. E, lá naquele galho do pé de goiaba, Jesus Cristo me deu o abraço que a igreja não deu”.
Ao ser indicada, Damares Alves afirmou que se criou no país uma “falsa guerra entre cristãos e LGBT” e que a pasta vai enfrentar “seriamente” o problema. “Se precisar, estarei nas ruas com as travestis. Se precisar, estarei na porta das escolas com as crianças que são discriminadas por sua orientação sexual. A violência contra qualquer pessoa, por qualquer motivação, vai ser prioridade do governo”, disse.
Com Estadão Conteúdo