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‘Alckmin já me escolheu para sucedê-lo’, diz Márcio França

Ao anunciar aliança com o PR para a disputa do governo do estado na eleição deste ano, vice-governador paulista afirma ter 'lealdade eterna' ao tucano

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h35 - Publicado em 15 jan 2018, 15h37

O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), anunciou nesta segunda-feira o fechamento de aliança com o PR e reafirmou a sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes na eleição deste ano. Entre acenos ao PSDB e tentativas de reafirmar a sua independência política, o socialista afirmou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) “já me escolheu para sucedê-lo”.

França se referiu à eleição para o governo do estado em 2014, quando foi escolhido para vice da chapa do tucano. “Ele sabia que existia a possibilidade de sair [deixar o cargo no início de abril para disputar a Presidência da República]. Sinceramente, quando ele me convidou para ser vice-governador, confiou, no convite, que eu ia ficar. De alguma forma, ele já me escolheu para sucedê-lo”, afirmou.

Caso Alckmin realmente deixe o Palácio dos Bandeirantes para tentar o Palácio do Planalto, França, um advogado de 54 anos, passará a ser governador do estado e poderá disputar a eleição sem se desincompatibilizar – a legislação permite que um candidato que irá disputar o mesmo cargo permaneça no posto que ocupa durante o processo eleitoral.

O vice-governador definiu o evento desta segunda-feira como a sua “Batalha de Waterloo”, referência ao confronto de 1815 que representou o começo da vitória dos britânicos contra a França de Napoleão Bonaparte. “Daqui para a frente, o mundo da política vai perceber que a candidatura do PSB é irreversível e vai ter estrutura partidária para apoiá-la”, apontou, argumentando que juntos PSB e PR somam 69 deputados federais e garantirão um amplo tempo de TV para sua candidatura.

Ao lado dos deputados estaduais e federais do PR em São Paulo, França afirmou que fechará mais dois acordos ainda nesta semana, com o Solidariedade, na sexta-feira, e com o Pros, no sábado. Tentando construir um arco de apoio que lembra o Centrão da Câmara federal, disse que conversa com “todos” os partidos e citou PCdoB, PP, PRB, PHS, PP, PPS e PV. “Não tenho a menor dúvida de que faremos a maior coligação de São Paulo”, afirmou.

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Seu grande desafio será romper a barreira da força do PSDB, que governa o estado há 24 anos, e garantir a própria candidatura, caso os tucanos apresentem um nome de peso, como o senador José Serra ou o prefeito paulistano João Doria. Em mais um aceno ao tucanato, França, que preside o PSB em São Paulo, disse que respeitará a decisão nacional do seu partido, mas não apoiará uma candidatura própria socialista ao Planalto em 2018.

“[Alckmin] Tem minha lealdade eterna pela posição. Estarei com ele e lutarei para que o meu partido tenha a mesma posição”, afirmou. O PSB atualmente flerta com a possível candidatura de Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). “Hoje, Joaquim Barbosa é um nome de prestígio, mas não é filiado ao partido. É a mesma coisa de outros nomes famosos como Luciano Huck, Faustão e Neymar”.

Mas mesmo com toda a lealdade, o “marechal” França, em sua versão paulista de Waterloo fez uma declaração de independência: “Desde o início, sabíamos que o PSDB tendia à candidatura própria. Se em algum momento eles decidirem vir conosco, serão bem-vindos. Mas a nossa capacidade de organização prescinde do PSDB.”

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Adversários

Se apresentando como articulador político, que fez “engenharias para os outros” e agora constroi a própria candidatura,  França elencou as relações que tem com alguns de seus adversários. Entre os “outros” que já contaram com seus préstimos, citou João Doria em sua campanha a prefeito em 2016 e outro pré-candidato ao Palácio dos Bandeiranets, Paulo Skaf (PMDB), lançado por ele em 2010. “Eu que trouxe o Skaf para a política”. Entre seus “adversários-amigos”, citou também um dos nomes do PT para a disputa ao governo do estado, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho.

Ele pretende usar a sua única e principal bala para desmontar as articulações tucanas: a possibilidade de entregar o PSB para a candidatura presidencial de Alckmin e não fragmentar sua base em São Paulo.

“Eu já coordenei duas campanhas pelo meu partido, do [Anthony] Garotinho [em 2002] e do Eduardo [Campos, em 2014], que eu ajudei a coordenar. Então eu sei que às vezes o projeto presidencial puxa para si as atenções”. Ele ainda afirmou que “naturalmente” se o PSDB não o apoiar, vai retirar os cargos que a legenda ocupa quando assumir o Bandeirantes em abril.

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Carreira

O PSB foi o único partido da carreira política de França. Filiado à legenda desde 1988, ele foi vereador (1989 a 1997) e prefeito por dois mandatos de São Vicente, no litoral de SP (de 1997 a 2005), e deputado federal, também por dois mandatos (2007 a 2015). Atualmente, é o secretário estadual de Desenvolvimento de São Paulo.

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