O advogado Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, faleceu na manhã desta terça-feira 31, aos 96 anos. Bicudo sofria de complicações cardíacas e estava fragilizado desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), em 2010. Desiludido com o partido, o jurista foi, ao lado de Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment que cassou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. A família não divulgou as informações a respeito do velório.
Nascido em 1922, o jurista Hélio Bicudo teve a sua atuação marcada pela defesa dos direitos humanos e pelo engajamento na vida pública do país, tendo sido promotor de Justiça, deputado federal e vice-prefeito de São Paulo. Durante a ditadura militar, notabilizou-se por processar e condenar os policiais que faziam parte do chamado “esquadrão da morte”, grupo que atuava assassinando criminosos ao próprio critério. Bicudo atuou fortemente para combater a pena de morte no Brasil.
Sua história com o PT começou desde os primeiros momentos do partido, tendo sido um dos seus fundadores em 1980 e um dos seus primeiros dirigentes. Ele disputou duas eleições para a Câmara e venceu a eleição municipal da capital paulista em 2000, ao lado de Marta Suplicy. Em 2005, após o escândalo do mensalão, rompeu com o PT e deixou o partido.
Quase uma década depois do afastamento da legenda, Hélio Bicudo surpreendeu ao decidir pedir o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, ao lado da advogada Janaína Paschoal. Posteriormente, juntou-se à dupla o jurista Miguel Reale Júnior. Apontando delitos nas chamadas “pedaladas fiscais”, ampliação de crédito do governo sem autorização do Congresso, a denúncia acabou sendo aceita e resultou na cassação da petista em 2016.
A adesão de Hélio Bicudo ao movimento pela deposição de Dilma conferiu um maior peso ao pedido de impeachment, tanto pela sua trajetória no meio jurídico quanto pelo peso político de ter sido um fundador do PT.