Advogado de Anderson Torres trabalha no gabinete de Soraya Thronicke
Raphael Vianna de Menezes faz parte da banca de defesa do ex-ministro bolsonarista e também é funcionário do Senado no gabinete da parlamentar
Preso desde o início do ano, investigado por suspeita de omissão e conivência com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, Anderson Torres é defendido por banca de advogados capitaneada pelo ex-desembargador Edson Smaniotto, com Eumar Novacki, ex-chefe da Casa Civil do Distrito Federal, e Fábio Fernandes. A novidade é o quarto elemento do grupo: Raphael Vianna de Menezes, funcionário do Senado lotado no gabinete de Soraya Thronicke.
Uma coincidência insólita, visto que a senadora tem sido uma das mais ferrenhas defensoras de instalação de CPI sobre os atentados ocorridos no dia 8 de janeiro. Torres é talvez o principal protagonista, até agora, dos ataques aos Três Poderes.
Em entrevista sobre os atentados, a senadora afirmou, sem citar o ex-ministro da Justiça, preso, que “a ninguém é dado o direito de alegar a inocência ou desconhecimento da lei em sua defesa”. Em nota, a equipe da parlamentar afirmou que “Raphael Vianna é servidor efetivo do Senado Federal, lotado no gabinete da senadora Soraya Thronicke em situação regular. Sobre sua atividade profissional externa ao Senado Federal, a senadora não tem conhecimento ou interferência, limitando-se apenas ao trabalho prestado pelo servidor no âmbito do Senado Federal”.
Em busca de liberdade, Torres entregou as senhas da memória do seu celular pessoal e também de seus e-mails à Procuradoria Geral da República (PGR). Os advogados também colocaram à disposição seus sigilos fiscal, bancário e telefônico.
Com a colaboração, a PGR manifestou-se a favor da substituição da prisão preventiva por medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, mas o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), segue irredutível. Segundo ele, a investigação reforçou a manutenção da prisão, em especial por causa de depoimentos de testemunhas e apreensão de documentos que apontam “fortes indícios” da participação dele na elaboração de uma suposta “minuta golpista” e em uma “operação golpista” da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tentar diminuir a participação popular no 2º turno das eleições passadas.
Em 30 de outubro de 2022, a PRF fez múltiplas operações e parou veículos que transportavam eleitores em todo o país, o que estava proibido por Alexandre de Moraes desde o dia anterior. Foram parados 4 vezes mais veículos na região Nordeste do que no Sudeste.
Além disso, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-ministro uma proposta de decreto que serviria para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) declarar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).