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A queda do dirigente partidário que gozava da intimidade do poder

Vida de luxo e mordomias, dinheiro fácil dos cofres públicos e proximidade com os poderosos terminaram numa cela da Papuda

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jun 2024, 16h35

Eurípedes Júnior , fundador do PROS, partido que chegou a ter mais de 120.000 filiados, cresceu na região conhecida como Entorno do Distrito Federal — a periferia da capital. De origem simples, ele e o irmão se revezavam no início dos anos 2000 na condução de uma van que fazia transporte de passageiros. Para reforçar o orçamento, construíram um campo de futebol para aluguel. O empreendimento foi bem-sucedido, Eurípedes ficou conhecido e foi eleito vereador em 2008.  Era o início de uma meteórica escalada política.

Em 2010, Eurípedes, ainda um político interiorano, criou o próprio partido político, o PROS. Depois disso, assumiu o comando da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Distrito Federal, tentou uma vaga de deputado federal por Goiás, obteve 72 mil votos, ficou apenas com a suplência, mas o PROS prosperou.

O partido formou uma bancada de 14 deputados federais e conseguiu atrair gente grande como o então governador do Ceará Cid Gomes e o irmão Ciro, ex-candidato a presidente da República. Na eleição de 2020, a legenda continuou crescendo — elegeu 41 prefeitos e 754 vereadores. Depois, em 2014, o PROS se alinhou com a candidatura da presidente Dilma Rousseff. Em 2018, cerrou fileiras com o PT de Fernando Haddad.

Aliado fiel, ele foi recebido pela presidente no Palácio do Planalto, antes e depois da eleição. Após a vitória de Dilma, participou do pronunciamento oficial ao lado do presidente Lula. No meio desse caminho, porém, Eurípedes foi acusado de “vender” a sigla para reeleger a ex-presidente. A acusação era a de que o partido teria recebido 7 milhões de reais da empreiteira Odebrecht para apoiar o PT. As denúncias foram se avolumando.

TSE quebrou o sigilo do partido

Em abril de 2017, o TSE quebrou o sigilo bancário do PROS, após descobrir que o dinheiro do fundo eleitoral  do partido tinha financiado um helicóptero e um avião para uso particular do dirigente, além de pagar mansões, carros e viagens dele para o exterior.

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Em agosto de 2018, VEJA publicou reportagem mostrando que Ciro Gomes e seu irmão Cid pagaram 2 milhões de reais para ter  o controle do partido no Ceará. Havia até um esquema de extorsão envolvendo a legenda. Em delação premiada, os irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS, contaram que o governo cearense, na gestão Cid Gomes, cobrava “contribuições de campanha” para liberar créditos fiscais a que a empresa tinha direito.

Ex-mulher revelou que Eurípedes Jr. usava laranjas

A ex-mulher de Eurípedes engrossou a avalanche de denúncias. Em agosto de 2019, VEJA publicou reportagem na qual Sandra Caparrosa, a ex-mulher de Eurípedes, acusava o marido de usar o nome de terceiros para registrar os imóveis do casal, avaliados em 2 milhões de reais. O dirigente também foi acusado de “sumir” com bens da legenda avaliados em 50 milhões de reais — um parque gráfico, carros e um helicóptero.

Eurípedes foi preso na última O PROS não existe mais. O partido se fundiu com o Solidariedade.

O luxo, as mordomias, os palácios e os amigos importantes, ao que parece, agora farão parte apenas do passado do dirigente. Preso na semana passada, Eurípedes foi transferido para a penitenciária da Papuda, em Brasília. Acusado de organização criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, apropriação indébita, ninguém apareceu para se solidarizar.

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