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A posição dos militares na crise: não há tolerância para qualquer golpe

As forças negam qualquer possibilidade de intervenção militar, mas questionam ações de outros poderes que dificultam a governabilidade do presidente

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jun 2020, 18h09 - Publicado em 6 jun 2020, 09h01
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  • Militares da alta cúpula do Exército têm definido o clima em Brasília como “um verão que começa a esquentar um pouco mais”. O aumento da temperatura é explicado por uma série de iniciativas que, na visão dos fardados, procuram não apenas conter os arroubos do presidente Jair Bolsonaro como, de fato, diminuir os seus poderes e impedir a sua governabilidade.

    Essa percepção ficou clara quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a posse de Alexandre Ramagem, amigo de Bolsonaro, no comando da Polícia Federal. Para os militares, não caberia à Suprema corte invadir uma prerrogativa do presidente da República. Causou ainda especial irritação a decisão de dar seguimento a um pedido de apreensão do celular do presidente e de investigar o ministro da Educação por causa de suas declarações feitas durante uma reunião privada – Abraham Weintraub defendeu a prisão de ministros do Supremo. Dias depois, vazou uma mensagem do ministro Celso de Mello fazendo comparações sobre a atual situação no país ao nazismo de Hitler. “Nesse caso, não houve punição nenhuma. As situações são semelhantes”, afirma um importante militar.

    O Congresso Nacional também é lembrado nas críticas por causa da série de pedidos de impeachment contra o presidente e pelas ações impetradas no Supremo contra medidas tomadas por Bolsonaro – o cálculo é que há, em média, uma ação direita de inconstitucionalidade (Adin) apresentada por semana para derrubar propostas do presidente.

    Por causa de todo esse repertório, um importante ministro da ala militar afirma que, se há algum golpe em curso, ele vem dos outros poderes. “Não há nenhuma chance do que chamam de golpe, inclusive de golpes que tentar impedir o presidente de governar ”, afirmou a VEJA.

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    Essa posição dos militares revela uma maior aproximação dos fardados ao presidente. No último domingo (7), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhou o presidente Bolsonaro em um sobrevoo de helicóptero na Praça dos Três Poderes, onde ocorria uma manifestação pró-governo. Antes do ato, Bolsonaro havia solicitado ao ministro uma aeronave mais espaçosa, justamente para poder acenar, do alto, para seus apoiadores, e o convidou para o tour pela manhã – como se sabe, um convite vindo do presidente da República é recebido como uma missão.

    A imagem do ministro responsável por uma tropa de 400.000 militares ao lado do presidente voltou a inflamar os discursos mais extremados de que as Forças Armadas chancelariam algum tipo de intervenção. Não há nenhum sinal disso – o que não significa, por outro lado, que os militares estejam tranquilos com a crescente fervura no país. A solução vem sendo pelo diálogo. Nos últimos dias, o ministros-militares travaram conversas com o presidente do Supremo, José Dias Toffoli, além dos ministros Alexandre de Moraes, Rosa Weber e Luís Fux, em busca de uma pacificação.

    Além da alta tensão com o Supremo, preocupa as forças a crescente onda de manifestações que começa a se formar pelo país. A avaliação é a de que há semelhanças entre os chamados atos pró-democracia com aqueles de 2013, que começaram contestando o reajuste na tarifa dos ônibus e descambaram para uma pauta de reclamações generalizada, que acabaram em saques, violência e levaram a popularidade da então presidente Dilma Rousseff ao chão. O esforço é para justamente promover uma paz em Brasília antes que esse cenário volte a se repetir.

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