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A política do Rio de Janeiro está de ressaca

Festa do governador Cláudio Castro teve Flávio Bolsonaro, adversários, membros do Judiciário, Alcione, Belo e escola de samba - e muita bebida

Por Caio Sartori Atualizado em 30 mar 2022, 10h42 - Publicado em 30 mar 2022, 09h14

A política do Rio de Janeiro está de ressaca nesta quarta-feira, 30. Pode ter sido pela cerveja Heineken, a vodka Grey Goose, o uísque Dewars ou o gin Bombay – o que se sabe é que está.

“Vambora que é aniversário do Zero Um! É aniversário do chefe, hein?”, anunciou o DJ da noite anterior numa casa de festas da zona sul da capital fluminense. “Isso aqui tá ou não tá melhor que o Barra Music?”, endossou o cantor Mumuzinho. 

O Zero Um, por mais que pudesse ser, não era o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, e sim o governador Cláudio Castro, seu correligionário no PL. Antes da chegada do mandatário à própria festa de 43 anos, pouco depois das 21h, o parlamentar fez as vezes de anfitrião e recebeu abraços de quase todos que entraram no salão – sejam políticos ou nomes do Judiciário, como o ex-presidente do Tribunal de Justiça Cláudio de Mello Tavares, responsável por conduzir a maior parte do processo de impeachment contra Wilson Witzel que culminou no mandato do aniversariante. Ao lado do senador, duas figuras-chave para os Bolsonaro nos últimos anos: a advogada Luciana Pires e o assessor Waldir Ferraz, o ‘Jacaré’, que estampou a capa de VEJA quando assumiu que existia rachadinha nos gabinetes do clã. 

Copo de uísque numa mão, cigarro eletrônico na outra, Flávio conversava com quem o abordasse, mas não chegou a ficar ali o suficiente para perder a compostura sisuda, erguer a bebida e se embalar ao som de ‘Toda Forma de Amor’, a primeira música que o cantor católico Castro entoou no palco ao lado de Alcione, uma das surpresas da noite. Pode ser porque a visão que o senador tem do aliado, hoje, pende mais para as letras de Marília Mendonça, recheadas de histórias de traição, do que para a aceitação do amor. Explica-se: há o temor de que o governador não seja tão bolsonarista assim no pleito deste ano, e Flávio tem mandado seus recados.

Quem estava lá perto do palco, cujo fundo exibia uma bandeira do Reino Unido, era o ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz, pré-candidato do PSD ao governo do Rio. Caso concorra mesmo ao cargo, ele terá que enfrentar o atual mandatário, que deixou à disposição dele e dos demais convidados uma fartura de salgadinhos, além dos drinks. A ausência do padrinho político do advogado, o festeiro prefeito carioca Eduardo Paes, foi sentida.

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Depois de Alcione, o line up não deu mais trégua: Belo, Mumuzinho, MC Leozinho e a bateria da escola de samba Grande Rio fizeram com que muitos paletós fossem deixados de lado. Com o boné e o tênis de corrida dando um novo sentido ao conceito esporte fino, Fagner também passou por lá. Castro se empolgou na hora de soltar a voz em pagodes ou clássicos do samba, sempre ao lado dos artistas convidados. “Tem que lutar, não se abater”, cantou com Belo o governador, que empata nas pesquisas para a eleição de outubro com Marcelo Freixo, do PSB. Não, este adversário não deu as caras na festa. 

Apesar da variedade de nomes na lista de convidados, dá para separar a noite entre os que foram apenas dar uma prestigiada e os que se impuseram como inimigos do fim. Primeiro grupo: Flávio Bolsonaro, Santa Cruz, dirigentes do Flamengo, prefeitos de fora da capital e representantes do Judiciário. Segundo grupo: deputados estaduais, assessores e o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano. Sem pensar que o despertador tocaria no dia seguinte, estes últimos não chamaram seus carros depois dos shows. Em troca da fidelidade à farra, receberam do DJ um setlist de funks novos e antigos, interrompidos apenas na hora do brinde coletivo a Castro. Quanto mais poder o convidado tem, mais discretas são suas danças, mesmo com grau elevado de etilismo; os pouco conhecidos, sem nada a perder, desceram até o chão.

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Cláudio Castro faz brinde na festa dos seus 43 anos. (Caio Sartori/VEJA)
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O petista Ceciliano, tamanha era a empolgação com o evento do chefe do outro Poder, não conseguiu colocar em prática todos os planos da noite. A ideia era sair dali para o encontro entre o ex-presidente Lula, que está no Rio, e o sambista Martinho da Vila, mas o open bar e a paparicagem sobre si não lhe permitiram. Maior interlocutor do presidenciável hoje no estado, o deputado se equilibra sempre entre a esquerda e o pragmatismo – combinação na qual aposta para se eleger ao Senado em outubro. Nesta semana, ele não foi o único a ver num intervalo de poucas horas o ex-presidente Lula e o governador que – pelo menos hoje, 30 de março – é considerado aliado de Jair Bolsonaro. Prefeito de Duque de Caxias, terceiro maior município do estado, Washington Reis (MDB) conversou com o petista na segunda-feira, em encontro secreto revelado por VEJA, e viu sua conterrânea Grande Rio animar a festa do aliado local. 

“O ‘CastroLula’ já está acontecendo”, brincou, depois de alguns gorós, um político próximo ao governador. O caminho até outubro será longo para Marcelo Freixo. Ele tem hoje o apoio do ex-presidente, mas não o camarão, os drinks e a máquina pública de Castro. 

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