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A nova tentativa de apagar o escândalo do mensalão

Publicitário Cristiano Paz contrata perícia e diz poder comprovar serviços de publicidade que levaram à condenação dele pelo STF

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 nov 2024, 18h54 - Publicado em 23 nov 2024, 18h54

Quase vinte anos depois de o Ministério Público ter detectado que agências de publicidade do empresário Marcos Valério eram responsáveis por operacionalizar o esquema de corrupção utilizado para abastecer o mensalão, o publicitário Cristiano Paz, antigo sócio de Valério, apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reescrever a história. Condenado a quase 24 anos de cadeia, Paz contratou uma perícia para tentar demonstrar que espinha dorsal do escândalo – o uso do Banco do Brasil e de empresas de propaganda e marketing para drenar dinheiro usado para subornar deputados no primeiro governo Lula – nunca existiu.

Na trama de corrupção envolvendo a atuação de mensaleiros e contratos de publicidade, o Supremo concluiu que o então diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, e os publicitários Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach atuaram no desvio de milhões de reais do BB. De acordo com o Ministério Público, o chamado núcleo publicitário do mensalão embolsou 2,9 milhões de reais em bônus de volume, uma gratificação paga pelos veículos de comunicação, enquanto 73,8 milhões de reais foram pagos pelo banco público à agência de publicidade DNA, de Valério, sem que houvesse comprovação de qualquer serviço prestado.

Cristiano Paz recorreu ao STF com a alegação de que o serviço teria sido, sim, efetuado e apresentou novos documentos sobre o caso. Na chamada revisão criminal – possível quando um condenado apresenta provas novas de um fato e reabre o caso judicialmente – ele tenta ser absolvido do crime de peculato.

De acordo com a perícia contratada pelo publicitário, ele teria como comprovar que pelo menos 66,5 milhões de reais foram gastos pela agência de publicidade para promover o fundo Visanet. Com isso, alega que, ao contrário do que decidiu o STF no julgamento do mensalão, o Banco do Brasil não teria sido lesado nem tido recursos desviados. Na época, o tribunal atestou que 80.000 notas fiscais frias foram usadas para justificar os serviços.

O também publicitário Ramon Hollerbach já havia batido às portas do Supremo tentando revisar o escândalo do mensalão. Não funcionou. O caso de Cristiano Paz será analisado pelo ministro André Mendonça.

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