A trajetória de Valdemar Costa Neto foi construída nos bastidores da política e o crescimento do PL, hoje o maior partido do país —e do presidente Jair Bolsonaro e do provável vive, general Braga Netto—, é resultado de um controle com “mãos de ferro” por parte do dirigente. Ele é apontado como “dono” da legenda: nada acontece sem seu aval.
Condenado e preso no mensalão, Valdemar deu as cartas mesmo enquanto esteve na Papuda.
Naquela época, o PL —que se chamava PR, mas mudou o nome depois do mensalão para se desassociar do escândalo—fez uma convenção para oficializar o apoio à reeleição de Dilma Rousseff. Às vésperas do início oficial da campanha, o cacique fez chegar ao Planalto a informação de que estava insatisfeito com o então ministro dos Transportes, seu aliado César Borges, e queria trocar o responsável pela pasta ou então a legenda apoiaria o adversário Aécio Neves (PSDB).
O burburinho elevou a tensão de petistas, e nos corredores do Congresso tucanos comemoravam o iminente apoio do partido de Valdemar na eleição presidencial, que aumentaria em mais de um minuto o tempo na propaganda eleitoral gratuita. Em 25 de junho de 2014, Dilma demitiu Borges, colocou Paulo Sérgio Passos no cargo (outro aliado de Valdemar que já havia ocupado a pasta) e consolidou o apoio do partido à sua candidatura.
A estrutura do PL facilita o comando único e forte por dar poder ao presidente de dissolver os diretórios estaduais sem consulta ou justificativa, evitando assim qualquer iniciativa de oposição interna, autonomia para estados ou controle sobre o dinheiro. O PL não tem uma comissão executiva permanente, diferentemente, por exemplo, de PT ou PSDB.