A lição de Getúlio para o Lula de 2022, segundo raposas da política
Querem que o petista ceda em pontos do programa de governo e se preocupe com o eventual mandato, não só com a eleição
Algumas velhas raposas da política, daquelas que entendem bem de máquina pública e governabilidade, têm avaliado que Lula (PT) precisa pensar com mais atenção não só no pleito, mas em como seria a sustentação do eventual novo mandato. Hoje, as pesquisas não mostram a necessidade de o petista mudar estratégias eleitorais, mas a suposta falta de disposição do “Lula 2.0” para negociar pontos do programa de governo preocupa.
Uma dessas raposas evoca o Getúlio Vargas de 1950, que ganhou com folga a eleição e, mesmo assim, penou para governar do ano seguinte até 1954, quando “saiu da vida para entrar na História” pelas próprias mãos. Ou seja, Lula precisaria montar um programa de governo capaz de lhe garantir apoios que tornem o bolsonarismo uma força isolada de oposição, sem o poder de paralisar o governo – como a UDN fez com Vargas, lembre-se.
Há a leitura, mesmo entre caciques que já estão com Lula, de que o petista se apresenta mais irredutível em suas ideias neste cenário pós-prisão, com menos propensão a conciliar ideias. “Programa de governo tem, necessariamente, que ser negociável”, aponta um deles.
A avaliação é forte, por exemplo, no MDB – que tem hoje a pré-candidatura de Simone Tebet à presidência, mas dificilmente caminhará de forma unificada com ela. Seja na ala do Nordeste, com os lulistas Renan Calheiros e Eunício Oliveira, ou na de Michel Temer, mais afastada do PT desde o impeachment.
Figuras como o ex-ministro Moreira Franco, homem-forte de Temer, têm mantido interlocução com o partido de Lula, mas se revoltam, entre outras coisas, com as declarações do presidenciável sobre a possibilidade de revogar a reforma trabalhista.