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A difícil missão do governo brasileiro na Cúpula do Clima

"Ao contrário do que os arautos do Apocalipse dizem temos excelente interlocução com o governo Biden", diz o ministro Ricardo Salles

Por Letícia Casado
Atualizado em 19 abr 2021, 08h27 - Publicado em 18 abr 2021, 13h20

Jair Bolsonaro vai enfrentar nesta semana um dos maiores desafios de seu mandato até agora: convencer outros 40 líderes de que seu governo está trabalhando para proteger a floresta amazônica. Nos dias 22 e 23, o Brasil vai participar de uma reunião virtual para discutir o aquecimento global. Orientado pelo ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, Bolsonaro enviou uma carta de sete páginas ao presidente Joe Biden relatando seus planos para preservar a floresta, que vão desde a regularização fundiária à venda de crédito de carbono.

“Ao contrário do que os arautos do Apocalipse diziam, que o governo não ia ter interlocução com governo Biden, que ‘agora acabou’; em hipótese alguma. Estamos tendo excelente interlocução”, disse Salles à VEJA. O ministro quer uma ajuda de U$ 1 bilhão dos americanos para reduzir em 40% o desmatamento na Amazônia em doze meses.

A proposta ainda não foi detalhada, mas já enfrenta resistência de políticos americanos. Na sexta, 16, um grupo de 15 dos 100 senadores dos Estados Unidos assinou uma carta a Biden na qual afirma que o governo Bolsonaro “desdenhou publicamente a principal agência ambiental do Brasil e sabotou sua capacidade de fazer cumprir as leis ambientais do país”. Para eles, o governo brasileiro “até agora, não demonstrou nenhum interesse sério em trabalhar com os múltiplos atores dentro do Brasil que desempenhariam papéis essenciais em qualquer esforço sério para salvar a floresta amazônica”.

Sob Donald Trump os Estados Unidos mantiveram apoio às políticas de Bolsonaro, que endossava a candidatura do republicano à reeleição, insistiu no discurso de que a eleição americana foi fraudada e se tornou o último presidente a parabenizar Biden pela vitória. Até então, a questão ambiental não opôs os dois países, pelo contrário. Em agosto de 2019, no auge da crise das queimadas, Trump disse que Bolsonaro estava “trabalhando duro nos incêndios na Amazônia”.

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“Enquanto havia disputa nos Estados Unidos, vários líderes se alinharam com candidatos que tinham mais a ver com sua visão de mundo. Passada eleição, é outra coisa”, disse Salles.

Para o governo Biden, a questão que envolve a Amazônia vai além da campanha de 2020. A agenda ambiental é uma das prioridades da Casa Branca. Responsável pela área, John Kerry, ex-secretário de Estado na gestão de Barack Obama, foi um dos elaboradores do Acordo de Paris, firmado por 195 países em 2015 com metas para evitar o aumento da temperatura média no mundo. Durante a campanha de 2018, Bolsonaro disse que poderia retirar o Brasil do pacto internacional, assim como Trump o fez. 

Enquanto Salles corre para formular uma política ambiental que agrade os EUA, o Departamento do Tesouro americano discute possibilidades de financiar a preservação da floresta amazônica com os países interessados. Cerca de 60% da floresta está no Brasil e os outros 40% em países vizinhos. O governo americano tem insistido que, apesar das medidas do Brasil para conter a destruição da floresta, os níveis de desmatamento continuam altos e talvez o governo precise buscar soluções alternativas envolvendo comunidades locais, indígenas, ONGs e a iniciativa privada para reduzir e zerar o desmatamento ilegal até 2030 apresentando resultados ainda este ano. 

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