Em meio à súbita influência do senador Davi Alcolumbre (União-AP) dentro do governo Lula, articuladores da federação entre os partidos PP, Avante e União passaram a ver com restrição qualquer participação do parlamentar amapaense nas negociações do projeto.
Isso porque Alcolumbre, antes aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, se aproximou do novo governo e conseguiu emplacar todos os três ministros do União que hoje ocupam um cargo na Esplanada – Juscelino Filho (Comunicações), Daniela do Waguinho (Turismo) e Waldez Góes (Integração).
Com a onipresença do senador, Alcolumbre passou a ser alvo de fogo amigo, e deputados de seu partido cobram do governo um espaço indicado pela bancada para que, em contrapartida, entreguem votos da legenda.
A federação PP-União-Avante está em avançado processo de tratativas. Se vingar, a nova formação gerará a maior bancada na Câmara, com 115 deputados, e será composta por políticos de todos os espectros, como o governista Alcolumbre e o oposicionista Ciro Nogueira, ex-ministro de Bolsonaro.
Desde o início, articuladores da proposta avaliam que Alcolumbre pode ser usado pelo governo para tentar minar a federação, e que o próprio senador teria interesse em boicotar o superbloco. Faz sentido: se for confirmada, a poderosa nova força política vai aumentar a pressão para que seja contemplada com cargos no governo, o que, por consequência, forçaria um deslocamento da influência do senador, que tenderia a perder espaço.