A campanha dos Brazão que envolve a prisão de Domingos e Chiquinho
Movimento compartilhado por outro irmão da família busca apoio contra “injustiça” com os acusados de mandar matar Marielle Franco

Familiares dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão organizam um movimento que pede a soltura da dupla, presa desde março do ano passado. Acusados como mandantes da morte da ex-vereadora Marielle Franco, eles estão em presídios federais enquanto aguardam o desfecho do inquérito, que está hoje nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. E, apesar da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República e do relatório elaborado pela Polícia Federal sobre o caso, os réus sustentam que são inocentes, acusados injustamente por um crime que não cometeram.
É esse o discurso presente em um abaixo-assinado lançado há quatro dias e compartilhado nesta terça-feira, 7, pelo terceiro irmão da família, o deputado estadual do Rio Pedro Brazão (União). Nas redes sociais, o parlamentar pede o apoio de seus seguidores para “fazer a diferença” contra a “injustiça”. Já na página em que o conteúdo está alocado, a prisão de Domingos e Chiquinho é comparada à dos irmãos Naves, um histórico caso da década de 1930 em que Joaquim e Sebastião foram presos por um assassinato que não cometeram. O erro foi posteriormente reconhecido pelo Judiciário e virou filme, trinta anos depois. Até o momento, contudo, apenas 1.810 assinaturas foram registradas na plataforma.
Na Justiça, enquanto isso, as defesas dos irmãos Brazão têm buscado reverter suas prisões preventivas, ou ao menos convertê-las em domiciliares — até o momento, sem sucesso. Em novembro de 2024, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter Domingos, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE/RJ), na penitenciária federal em Porto Velho (RO). Já Chiquinho, que é deputado federal, viu Moraes negar, na última quinta-feira, 2, seu pedido para que respondesse ao inquérito em sua residência. Ele está na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Domingos e Chiquinho Brazão foram presos depois de avanços nas investigações sobre o caso Marielle, especialmente após as delações de Élcio Queiroz e Ronnie Lessa (condenados no fim do ano passado como o motorista e o executor da ex-vereadora, respectivamente) — confirmadas durante a investigação da PF. Conforme a tese central apresentada no inquérito, a intenção dos irmãos Brazão de flexibilizar a legislação para a grilagem de terras foi a principal motivação para o crime.