Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A boa vontade – e até apoio nas ruas – da esquerda brasileira a Putin

Enquanto a maioria tenta ocultar a simpatiza pelo russo com críticas à Otan e aos EUA, tem legenda que levou militantes às ruas para mostrar solidariedade

Por Da Redação Atualizado em 2 mar 2022, 07h25 - Publicado em 2 mar 2022, 07h00

A Europa vive a sua guerra mais grave desde o fim da II Guerra Mundial, mas as notas oficiais dos partidos da esquerda brasileira deixaram clara a sua dificuldade em condenar de forma contundente a invasão da Ucrânia pelo exército russo. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem sido praticamente ignorado pelas siglas e pelos políticos desse campo – por outro lado sobram críticas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar que reúne os países do Ocidente, apesar de ela não ter se envolvido diretamente nas agressões nem violado a legislação internacional.

Há até legendas que defendem abertamente Putin. O Partido da Causa Operária (PCO) declarou “apoio total” à invasão russa com argumentos alinhados ao que diz parte importante de figuras da esquerda. O partido classifica como “imperialismo” a ação de potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, para justificar a invasão, e trata a Rússia de Putin como a “nação ameaçada”. Militantes do PCO, que foram se manifestar a favor da guerra em frente ao Consulado da Rússia no Rio de Janeiro, entraram em uma briga com integrantes do MBL contrários à invasão nesta terça-feira, 1°. O PCO é conhecido por posicionamentos pitorescos, como dizer que ter armas é “um direito democrático”, que criminalização da LGBTfobia é “uma campanha reacionária” e que a punição ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, famoso por espalhar fake news, é um “ataque à liberdade de expressão”.

Outros partidos não declaram abertamente apoio a Putin, mas também evitam qualquer crítica direta. O PSOL lembrou em seu posicionamento que sua “posição programática é pelo fim da Otan”. Há anos, a organização militar tem sido o motivo usado por Putin para incursões militares que visam garantir influência e controle sobre regiões que pertenceram à antiga União Soviética. A Otan foi criada em 1949 com o objetivo explícito de frear a expansão do comunismo no mundo. No fim dos anos 1990 e na década de 2000, porém, a Otan passou por uma expansão que incluiu países do leste europeu, inclusive alguns que fazem fronteira com a Rússia.

Foi esse argumento que o ex-ministro petista Aloísio Mercadante usou para retratar o Ocidente como um dos responsáveis pelo conflito: “Forças ocidentais da Otan optaram por aprofundar uma política agressiva de expansão, passando de 12 membros originais para 30 Estados, inclusive com nações fronteiriças à Rússia, como tentam fazer agora com a Ucrânia”, escreveu em um artigo no site oficial do PT.

O deputado estadual José Américo (PT-SP), que já foi secretário de Comunicação do partido e é próximo ao ex-presidente Lula, argumenta, no Twitter, que “os EUA são a verdadeira ameaça à paz mundial” e que os americanos instigam a Ucrânia a manter a guerra com os russos.

Continua após a publicidade

A bancada do PT no Senado cometeu o deslize de expor esse pensamento, mas acabou se arrependendo. Em nota no Twitter, assinada pelo líder Paulo Rocha (PT-PA), disse que o “condena a política de longo prazo dos EUA de agressão à Rússia e de contínua expansão da Otan”. Pouco tempo depois, sob críticas, apagou. “A grande parcela da culpa, da responsabilidade (pela guerra), é dos EUA e da expansão da Otan”, ecoou Celso Amorim, ex-chanceler no governo Lula, e ainda influente nas questões de política externa do partido.

O posicionamento é mais complicado com as siglas de tendência comunista, que apoiam o modelo soviético. Embora apoiem a independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, região que vive em uma guerra de baixa intensidade com a Ucrânia desde 2014, eles veem Putin como um antissoviético e a invasão militar da Ucrânia como ruim para os trabalhadores. Nesse espectro partidário, que inclui PCB, PSTU e Unidade Popular, sobram críticas tanto ao governo ucraniano quanto ao russo.

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.