A atuação de dois bilionários contra a medida provisória de Haddad
Ex-senador Blairo Maggi acionou o presidente Lula para reclamar da proposta chancelada pelo Ministério da Fazenda
Antes de ser devolvida pelo Congresso Nacional, a medida provisória que limitou o uso de crédito do PIS/Cofins foi alvo de forte reação por parte de dois empresários que têm proximidade com o presidente Lula.
Um deles foi o ex-governador e ex-senador Blairo Maggi, acionista da Amaggi (ex-grupo Maggi), empresa que é uma das maiores produtoras de soja do mundo. O empresário ligou para o presidente da República para apresentar uma série de reclamações sobre a medida.
A MP, em linhas gerais, limitava o uso dos créditos do PIS/Cofins, dois tributos federais que são utilizados pelas empresas para compensar o pagamento de impostos ou obter a restituição de valores.
Após ser acionado por Maggi, Lula repassou as queixas para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que prontamente entrou em contato com o empresário. Na conversa, o ministro alegou que exportadores, como o grupo de sua família, não seriam prejudicados, ao contrário da versão corrente. Não convenceu.
Também pesou a fala de Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração do grupo Cosan, multinacional brasileira que atua em setores como o agronegócio e combustíveis.
Governo desrespeita as leis
No último dia 8, o empresário criticou o governo durante evento do Grupo Esfera e disse que o Palácio do Planalto “desrespeita” as leis. “Do jeito que está, com o governo querendo meter a mão, querendo taxar tudo, não dá”, disse Ometto, que é próximo de Lula e doador do PT na última eleição.
Durante reunião com representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) na última terça-feira, 11, Haddad não escondeu a irritação com o posicionamento de Ometto.
O ministro da Fazenda gastou alguns minutos criticando o posicionamento do empresário. Disse que a fala havia sido muito dura e que o governo era parceiro dele. E ainda fez uma comparação: ponderou que Blairo Maggi ao menos foi educado e ligou para conversar, enquanto Ometto foi a público para descarregar o verbo.
Ao fim, os dois empresários venceram, e a MP de Haddad, com o aval de Lula, acabou enterrada.