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Alemanha começa o julgamento do ‘contador de Auschwitz’

Oskar Gröning, de 93 anos, é acusado de participação no assassinato de 300.000 pessoas nas câmaras de gás de Auschwitz, em 1944. Ele declarou ter 'responsabilidade moral'

Por Da Redação
21 abr 2015, 10h44

Começou nesta terça-feira na Alemanha o julgamento de Oskar Gröning, conhecido como o ‘contador de Auschwitz’. Logo na fase das perguntas dos promotores, Gröning admitiu sua “responsabilidade moral” na morte de deportados no campo de extermínio e pediu perdão para suas famílias. O julgamento está acontecendo em Lüneburg, que fica no centro do país.

“Para mim não há dúvida de que sou moralmente cúmplice”, afirmou Gröning, de 93 anos, que é acusado de participação no assassinato de 300.000 pessoas mortas nas câmaras de gás de Auschwitz, em 1944. O réu também se declarou à disposição da Justiça. Gröning, que serviu no campo a partir de 1942, admitiu que desde sua chegada no local sabia que judeus eram mortos em câmaras de gás. O processo contra Gröning é considerado um dos últimos grandes julgamentos por crimes nazistas, em função da idade avançada dos envolvidos e das vítimas.

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Gröning chegou para a audiência caminhando com a ajuda de um andador e acompanhado por um de seus advogados. Entre as mais de 60 acusações particulares do caso, há sobreviventes do holocausto e também familiares de vítimas de Auschwitz. A promotoria sustenta que Gröning, encarregado de expropriar os pertences dos prisioneiros que chegavam a Auschwitz e de enviar o dinheiro tomado para a SS (Schutzstaffel, o esquadrão de elite nazista), em Berlim, contribuiu para dar apoio econômico ao regime e sua máquina de morte.

A acusação contra Gröning remonta ao verão de 1944, quando durante a denominada “Operação Hungria” chegaram ao campo de concentração e extermínio 425.000 deportados desse país e pelo menos 300.000 foram executados nas câmaras de gás. O julgamento só é possível devido a uma nova interpretação da lei de genocídios. Após o término dos julgamentos de Auschwitz, em Frankfurt, em 1965, as cortes alemãs entenderam que apenas as pessoas que participaram diretamente de execuções nos campos de extermínio poderiam ser punidas. A interpretação da lei começou a sofrer alterações em 2007, quando Mounir al-Motassedeq recebeu uma pena de quinze anos de prisão de um tribunal de Hamburgo por sua participação acessória nos atentados do 11 de setembro. Motassedeq conhecia os terroristas que sequestraram os aviões e sabia dos planos de atacar os Estados Unidos, mas não fez nada para impedi-los.

O precedente legal para a abertura de novos processos contra guardas nazistas ocorreu em 2011, quando o ucraniano John Demjanjuk foi condenado em Munique a cinco anos de prisão por cumplicidade na morte de mais de 29.000 judeus no campo nazista de Sobibor, onde serviu como voluntário. A ocasião marcou a primeira vez que um nazista foi punido sem que houvesse prova direta do seu envolvimento no extermínio de qualquer prisioneiro. Após o processo, o Escritório Central Investigador dos Crimes do Nazismo decidiu reabrir outros trinta casos. Para as cortes criminais alemãs, é passível de punição o fato de alguém ser conscientemente cúmplice de um genocídio, mesmo que lateralmente.

(Da redação)

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