O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu neste domingo, dia 1º, que seu exército não tem força suficiente para reaver por vias militares alguns dos territórios ucranianos ocupados pela Rússia, e que seu país pode ter que tentar negociar a libertação das áreas por via diplomática após uma possível adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Nosso exército não tem força para fazer isso. Isso é verdade”, disse Zelensky em uma entrevista à agência de notícias japonesa Kyodo News. “Temos que encontrar soluções diplomáticas.”
Durante a entrevista, Zelensky afirmou que a guerra entrou agora em um “período complicado” e que o apoio atual de seus aliados ocidentais “não é suficiente”. Ele reforçou seu pedido para que a Otan convide Kiev para fazer parte da aliança militar o mais rápido possível.
O apelo ocorre dois dias depois do ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybiha, pedir que um convite para a adesão da Ucrânia ao bloco seja realizado durante a Reunião Ministerial de Relações Exteriores da Otan, que acontece entre esta terça-feira, 3, e quarta-feira, 4.
Em meio a um futuro incerto em relação ao apoio do Ocidente à Ucrânia com a volta de Donald Trump à Casa Branca, Zelensky também disse que o republicano e sua equipe conhecem o “plano de vitória” que ele apresentou. A estratégia busca colocar seu país em uma “posição forte” para realizar negociações com Moscou.
“Eles estão estudando o plano e vamos ouvi-los. Mas não haverá rendição do lado da Ucrânia”, disse Zelensky. “Isso é um fato e acho que ele entende isso.”
Mudança de postura
Os comentários do líder ucraniano sugerem uma mudança de postura, já que ele sustenta, desde a invasão russa em fevereiro de 2022, que seu país não pararia de lutar até recuperar todo o território tomado pelo inimigo.
Zelensky, porém, já vinha se mostrando cada vez mais flexível sobre a questão territorial. Na semana passada, em entrevista à emissora canadense Sky News, ele afirmou que não espera que a Ucrânia, como membro da Otan, usufrua da totalidade do Artigo 5, mecanismo que determina que a invasão a um dos membros da aliança significa uma invasão a todos, e portanto acarreta numa resposta militar conjunta dos 32 países do bloco.
“Entendemos que o Artigo 5, quando você é membro da Otan, não pode se aplicar a todo o território da Ucrânia durante a guerra, pois os países são contra os riscos de serem arrastados para a guerra”, disse ele.