Vídeo: Dias antes de sua morte, Prigozhin relatou ter recebido ameaças
Chefe do Grupo Wagner está entre as dez vítimas do acidente, ocorrido na última quarta-feira, nas proximidades de Moscou
Em um vídeo divulgado nesta quinta-feira, 31, Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, relata ter sofrido ameaças à sua segurança, supostamente dias antes da queda de avião que levou à sua morte. Outras nove pessoas, incluindo Dmitry Utkin, responsável pelo comando-geral do grupo, estão entre as vítimas do acidente, ocorrido na última quarta-feira, nas proximidades de Moscou.
“Para aqueles que estão discutindo se estou vivo ou não, como estou – agora é fim de semana, segunda quinzena de agosto de 2023, estou dentro África”, diz Prigozhin, em um vídeo curto publicado no Telegram. “Então, para as pessoas que gostam de discutir minha destruição, ou minha vida privada, quanto ganho ou qualquer outra coisa – está tudo bem.”
A video of Prigozhin appeared that is reportedly filmed in Africa not long before his death.
"So, fans of discussing my death, intimate life, earnings, etc., I am doing fine," Prigozhin says. pic.twitter.com/UcIKpgLNZi— Anton Gerashchenko (@Gerashchenko_en) August 31, 2023
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Com apenas 30 segundos, a gravação teria sido feita entre os dias 19 e 20 de agosto. O russo é visto dentro de um veículo, vestindo roupas camufladas e um chapéu também usado em outro vídeo datado de 21 de agosto, quando estava na África. Morto na semana passada, Prigozhin foi enterrado em São Petersburgo nesta terça-feira, 29, de acordo com sua, agora antiga, equipe de comunicação.
Os soldados do Grupo Wagner estão participando da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado, fortalecendo a frente russa. Prigozhin, no entanto, realizou duras críticas ao ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, pela suposta falta de apoio do governo, representada na falta de armamentos. Em maio, ele ameaçou retirar suas tropas de Bakhmut “porque, na ausência de munição, elas estão condenadas a perecer sem sentido”.
Um mês depois, em 23 de junho, ele liderou um motim contra Putin e ordenou que seus mercenários abandonassem os postos para que marchassem em direção a Moscou. Na ocasião, Prigozhin também acusou o presidente russo de mentir sobre o real motivo do conflito contra a Ucrânia e de manipular o número de baixas desde o início da invasão, indicando que o número seria maior do que a versão oficial. No dia seguinte, a rebelião foi cancelada “para evitar derramamento de sangue”, com um acordo fechado para que fosse exilado para Belarus.
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Enquanto o Kremlin defende que o avião teria sido derrubado para incriminar Moscou, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não estava “surpreso” e que “não há muito que acontece na Rússia que Putin não esteja por trás, e não sei o suficiente para saber a resposta”. Somando-se aos cautelosos, presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse ter avisado o chefe do Grupo Wagner a ter “cuidado” dias após o motim, apesar de ter defendido na última sexta-feira que o líder russo seria culpado, já que teria sido um “trabalho muito difícil e pouco profissional”.