O vice-ministro da Defesa da Rússia, Timur Ivanov, foi preso por uma acusação de corrupção. A autoridade compareceu a um tribunal de Moscou nesta quarta-feira, 24, vestido com traje militar completo, dentro de uma gaiola de vidro, e foi acusado de receber um suborno enquanto realizava trabalho contratado para o Ministério da Defesa. Se condenado, ele pode pegar 15 anos de prisão.
De acordo com mídia estatal russa TASS, Ivanov é suspeito de aceitar suborno de 1 milhão de rublos (R$ 55 mil). Apesar do montante não parecer alto, este é o escândalo de corrupção de maior repercussão na Rússia desde que o presidente do país, Vladimir Putin, lançou uma invasão contra a Ucrânia, há mais de dois anos.
Pressão no governo
No cargo de vice-ministro desde 2016, Ivanov é visto como um dos principais arquitetos da guerra na Ucrânia e um aliado próximo do ministro da Defesa, Sergey Shoigu. Sua prisão inesperada pode novamente colocar pressão sobre o chefe da pasta, que já foi bastante criticado pela gestão do conflito – principalmente pelo chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, nos meses que antecederam a sua morte no ano passado. Apesar dos contratempos, Putin manteve Shoigu no cargo.
Entre as responsabilidades de Ivanov estava a reconstrução de Mairupol, uma cidade no sul da Ucrânia que foi reduzida a ruínas pelas forças russas após meses de cerco no início da guerra.
Do luxo ao lixo
Ivanov mantém um estilo de vida luxuoso, com bens que incluem uma casa histórica num dos bairros mais caros de Moscou, o que logo suscitou suspeitas da Fundação Anticorrupção (ACF) – do falecido líder da oposição russa Alexey Navalny. Maria Pevchikh, presidente do órgão, disse que ele tinha “um dos empregos mais lucrativos que se pode ter” no Ministério da Defesa da Rússia e afirmou que a invasão da Ucrânia o tornou muito mais rico.
Ivanov foi sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos depois que a Rússia invadiu a Ucrânia. Mas sua ex-mulher, Svetlana Maniovich, continuou a viver uma vida de opulência na Europa: navegando em iates no Mediterrâneo, esquiando nos Alpes e morando em Paris.
Em uma investigação no ano passado, com base em mais de 8 mil e-mails vazados, a ACF alegou que Maniovich gastou mais de US$ 100 mil (cerca de R$ 514 mil) em uma joalheria importante de Paris, na famosa Place Vendrome, em março de 2022 – justamente enquanto o cerco a Mariupol se intensificava.