O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, culpou o ex-presidente, Donald Trump, pelos eventos que levaram à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, em seu novo livro de memórias, So Help Me God, que será publicado em 15 de novembro. O portal de notícias americano Axios publicou um pequeno trecho da obra nesta segunda-feira, 31.
Segundo o livro, a reunião pós-eleitoral na qual conselheiros liderados por Rudy Giuliani atacaram advogados de campanha e pediram para Trump não aceitar a derrota eleitoral foi “um ponto baixo inédito” para um presidente “bem familiarizado com debates difíceis”.
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“No final, naquele dia, o presidente tomou a fatídica decisão de colocar Giuliani e o advogado Sidney Powell no comando da estratégia jurídica. Dia trágico em janeiro”, escreveu o político.
Ao culpar abertamente o ex-presidente pela invasão do Capitólio, Pence corre grande risco de perder o apoio dos republicanos em um momento que considera disputar a próxima eleição presidencial, em 2024.
“O que começou como um briefing naquela tarde de quinta-feira rapidamente se transformou em uma discussão controversa entre os advogados de campanha e um grupo crescente de advogados externos liderados por Rudy Giuliani e Sidney Powell, um advogado que representou o general Mike Flynn – primeiro conselheiro de segurança nacional de Trump, demitido por mentir para o FBI”, diz o trecho.
De acordo com o livro, os personagens envolvidos resolveram partir para o ataque depois que os primeiros relatórios jurídicos apontaram dificuldades de reverter o resultado das eleições. Por meio do viva-voz, Giuliani teria dito a Trump que seus advogados estavam mentindo ao dizer que não seria possível contestar o resultado final.
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“Mesmo em um escritório bem familiarizado com debates violentos, foi um ponto baixo inédito. E ficou pior a partir daí”, diz.
A responsabilidade do ex-presidente pelo ataque ao Capitólio foi examinada e apresentada pelo comitê especial do Congresso americano, que investiga o ato junto com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Além dessa investigação, Trump corre risco legal em outras frentes: subversão eleitoral, retenção não autorizada de documentos da Casa Branca após o fim de sua presidência, sua empresa familiar (a Trump Organization) e um processo por difamação de uma escritora que alega que ele a estuprou.
No entanto, ele nega irregularidades e permanece dominante nas pesquisas para 2024. É esperado que um anúncio oficial de sua candidatura ocorra logo após o resultado das eleições de meio de mandato, em novembro.
A ambição presidencial de Pence não é segredo, mas embora o comitê especial o tenha apresentado como um herói por se recusar a cooperar com a subversão eleitoral de Trump, ele tem trabalho a fazer se quiser convencer os eleitores republicanos de que é o homem a enfrentar Biden.
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As pesquisas dão a Trump ampla vantagem frente a seu adversário mais forte, o governador da Flórida, Ron DeSantis. A margem é ainda maior em relação a figuras como Pence, Ted Cruz, o senador do Texas, e seu filho, Donald Trump Jr.